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segunda-feira, 17 de maio de 2010

BIOTECNOLOGIA


BIOTECNOLOGIA


A Teoria da Evolução revolucionou o pensar da Biologia enquanto
Ciência que estuda os seres vivos – sua origem, sua morfologia,
fisiologia e ecologia. Charles Darwin, um naturalista por excelência, foi
o pai de tal revolução, afirmando que os seres vivos teriam evoluído de
um ancestral comum, herdando pequenas modificações, que se perpetuariam
ou não, por seleção natural.
O mecanismo da coevolução, a natureza do desequilíbrio de ligação
ou a história da diversidade das espécies pode atrair o interesse de
poucas pessoas, mas o tópico da evolução humana é de interesse
praticamente universal. Segundo FUTUYAMA (1992), esse é o ponto central
dos ataques dos criacionistas à evolução, e/ou o tema que pode oferecer
pistas ao mistério que cerca o “modelo perfeito dos animais” e a
compreensão das possibilidades e limitações da natureza humana.
O homem é um produto da evolução, sendo assim, muitos dos problemas
relacionados a ele podem ser entendidos apenas quando o homem é
considerado como um organismo evoluído e em evolução. O conhecimento
profundo dos princípios e mecanismos da evolução é, portanto, um pré requisito
para entender o homem (MAYR, 1977).
Dessa forma, o trabalho aqui apresentado visa ser um primeiro passo
para o conhecimento dos princípios básicos que nortearam Charles Darwin
no postulado da Teoria da Evolução. O tema justifica-se pois a evolução,
um dos conceitos e descobertas fundamentais ao pensamento moderno, é
ponto central para a Biologia contemporânea e para o uso da Biologia na
sociedade atual.
Sem a evolução, tanto a genética como a fisiologia, perderiam a
coerência; numerosas aplicações práticas da biologia seriam puramente
empíricas e teriam uma fundamentação teórica fraca, se é que teriam
alguma. De um ponto de vista filosófico, certamente nada pode trazer mais
satisfação do que conseguir um entendimento sobre nossa origem e a dos
outros seres vivos e podemos muito bem concordar com Darwin que ‘existe
grandeza nesta visão da vida’, na qual ‘de um começo tão simples,
incontáveis formas muito bonitas e maravilhosas, têm se desenvolvido e
estão se desenvolvendo’ (FUTUYAMA, 1992, p.563).
1.0 - CHARLES DARWIN – BREVE BIOGRAFIA
Charles Darwin, naturalista inglês, nasceu em 12 de Fevereiro de 1809, em
Shrewsbury. Robert Darwin, seu pai, era Físico, filho de Erasmus Darwin,
poeta, filósofo e naturalista. A mãe de Charles, Susannah Wedgood Darwin
morreu quando ele contava apenas oito anos de idade.
Com dezasseis anos, Darwin deixou Sherewsbury para estudar medicina na
Universidade de Edinburgh. Repelido pelas práticas cirúrgicas sem
anestesia (ainda desconhecida na época), Darwin parte para a Universidade
de Cambridge, com o objetivo (imposto pelo seu pai) de tornar-se clérigo
da Igreja da Inglaterra.
A vida religiosa não agrada a Darwin, e em 31 de Dezembro de 1831
ele aceita o convite para tornar-se membro de uma expedição científica a
bordo do navio Beagle. Assim, Darwin passa cinco anos (1831 a 1836)
navegando pela costa do Pacífico e pela América do sul. Durante este
período, o Beagle aportou em quase todos os continentes e ilhas maiores à
medida que contornava o mundo, inclusive no Brasil. Darwin fora chamado
para exercer as funções de geólogo, botânico, zoologista e homem de
ciência. Esta viagem foi uma preparação fundamental para a sua vida
subsequente de pesquisador e escritor. Tanto é verdade que na introdução
de seu livro ele assim se refere: "as relações geológicas que existem
entre a fauna extinta da América meridional, assim como certos fatos
relativos à distribuição dos seres organizados que povoam este
continente, impressionaram-me profundamente quando da minha viagem a
bordo do Beagle, na condição de naturalista. Estes fatos (...) parecem
lançar alguma luz sobre a origem das espécies (...) julguei que,
acumulando pacientemente todos os dados relativos a este assunto e
examinando-os sob todos os aspectos, poderia, talvez, elucidar esta
questão" (p.17).
Em todo o lugar onde ia, Darwin reunia grandes coleções de rochas,
plantas e animais (fósseis e vivos) enviadas à sua pátria. Imediatamente,
após seu regresso à Inglaterra, Darwin iniciou um caderno de notas sobre
a evolução, reunindo dados sobre a variação das espécies, dando assim os
primeiros passos para a Origem das Espécies. No começo, o grande enigma
era explicar o aparecimento e o desaparecimento das espécies. Assim
surgiram, em sua cabeça, várias questões: por que se originavam as
espécies? Por que se modificavam com o passar dos tempos, diferenciavam se
em numerosos tipos e frequentemente desapareciam do mundo por
completo?
A chave do mistério Darwin encontrou casualmente na leitura:
"Ensaio sobre a População", de Malthus.
Depois disso, nasceu a famosa doutrina darwinista da seleção
natural, da luta pela sobrevivência ou da sobrevivência do mais apto -
pedra fundamental da Origem das Espécies.
As pesquisas feitas pelo naturalista durante a viagem abordo do
Beagle é que fundamentaram sua Teoria da Evolução, servindo de base para
o famoso livro Origem das Espécies, cujo título original em Inglês é On
The Origin of Species By Means of Natural Selection ( Na Origem das
Espécies – Sob o Conhecimento da Seleção Natural). A obra foi publicada
em 1859, sob o bombardeamento das controvérsias – o que era(é) muito
natural: Darwin estava(está) mudando a crença contemporânea sobre a
criação da vida na Terra. No livro Origem das Espécies, Darwin defende
duas teorias principais: a da evolução biológica - todas as espécies de
plantas e animais que vivem hoje descendem de formas mais primitivas - e
a de que esta evolução ocorre por "seleção natural". Os princípios
básicos da teoria sobre a evolução de Charles Darwin, apresentados na
Origem das Espécies, são quase que universalmente aceitos no mundo
científico; embora existam controvérsias em torno deles.
A Origem das Espécies demonstra a atuação do princípio da seleção
natural ao impedir o aumento da população. Alguns indivíduos de uma
espécie são mais fortes, podem correr mais depressa, são mais
inteligentes, mais imunes à doença, mais agressivos sexualmente ou mais
aptos a suportar os rigores do clima do que seus companheiros. Estes
sobreviverão e se reproduzirão, enquanto os mais fracos perecerão. No
curso de muitos milênios, as variações levaram à criação de espécies
essencialmente novas.
Após a publicação de sua obra mais famosa, Darwin continua a
escrever e publicar trabalhos na área da Biologia por toda a sua vida.
Ele passa a viver, com sua esposa e filhos, em Downe, um vilarejo a 50
milhas de Londres. Sofre de síndrome do pânico e mal-de-Chagas, o último
adquirido durante sua viagem pela América do Sul. A morte chega em 19 de
Abril de 1822. Charles Darwin é sepultado na Abadia de Westminster.
2.0 - A TEORIA DA EVOLUÇÃO
A noção de que os seres vivos do passado eram diferentes dos atuais
e que eles mudaram com o tempo ocorreu a muitos naturalistas dos séculos
XVIII e XIX. Muitos deles trabalharam no sentido de elaborar uma teoria
coerente para explicar a evolução. Mas foi Darwin quem acumulou uma
quantidade tão grande de evidências que tornou inevitável a aceitação da
teoria evolucionista. Além disso, sua obra é completamente original ao
desenvolver novos conceitos, como os de adaptação, luta pela vida e
divergência de caracteres.
Entre outros exemplos de ação da seleção artificial, Darwin toma o
das raças inglesas de aves de capoeira e conclui que descendem de uma
espécie selvagem indica, o Gallus bankiva. Do mesmo modo, mostra o
cientista inglês que a multiplicação de raças de pombos domésticos
provém, por seleção artificial, do Pombo torcaz, Columbia livia,
compreendendo com este termo muitas espécies geográficas que só diferem
umas das outras em aspectos insignificantes.
Darwin admite o fato de que "determinadas variações úteis ao homem
são, provavelmente, produzidas sucedânea e gradualmente por
outras"(p.39). Cita ele até certas variações, que nós chamamos hoje
mutações, como o Cardo Penteador, o Cão Tournebroche ou o Carneiro Ancon
que "surgiram de maneira súbita". Mas ele não se detém em tais tipos de
variações bruscas de grande amplitude. Efetivamente, Darwin mostra que a
chave da origem de todas as raças atuais se encontra no poder de seleção
e de acumulação que o homem exerce nas variações sucessivas fornecidas
pela natureza. Considera ele que, desde os tempos mais remotos, funcionou
uma "seleção inconsciente", quando o homem escolhia espontâneamente as
plantas e os animais que lhe eram mais úteis, durante um grande número de
gerações sucessivas. Considerando as circunstâncias favoráveis à seleção
pelo homem, Darwin assinala a importância do número de indivíduos que se
criam, pois "como as variações manifestamente úteis ou agradáveis ao
homem se produzem apenas casualmente, tem-se tanto mais desejo em
produzi-las quanto maior é o número de indivíduos que se criam" (p.46).
Se substituíssemos variações pela palavra mutações, esta última asserção
de Darwin ainda seria válida hoje. Essa variabilidade - mal definida na
ausência da genética - pode-se substituir, sem dificuldades, por
variações hereditárias do património genético - mutações.
Darwin considera temerário afirmar, como fazem alguns autores, que
os animais domésticos teriam atingido o limite da variação, isto é, que
não são suscetíveis de se transformar. A atualidade mostra que ele tinha
razão.
Por analogia com a seleção artificial, Darwin concebeu o que
continua sendo o núcleo válido de sua teoria, a seleção natural. Assim
surgem algumas perguntas: o princípio da seleção, que se apresenta tão
poderoso entre as mãos do homem, aplica-se ao estado selvagem? Quais
podem ser as causas que resultam no mecanismo da seleção natural? A essas
questões, Darwin responde tomando como ponto de partida a rapidez com que
os seres organizados tendem a multiplicar-se.
Darwin chega à conclusão de que a luta pela existência leva, na
natureza, à seleção natural. Este combate pela vida é, segundo o
evolucionista inglês, a conseqüência necessária e "inevitável" do
princípio do aumento geométrico que rege o crescimento dos seres vivos e
constitui a aplicação aos reinos animal e vegetal da doutrina de Malthus.
O princípio básico enunciado por Malthus é que a população aumenta muito
mais depressa que os alimentos. Diz ele: "a população, quando não
limitada, cresce numa proporção geométrica. A subsistência aumenta apenas
em proporção aritmética. Mesmo um conhecimento superficial de matemática
mostrará a imensa superioridade da primeira força com relação à segunda.
Nos reinos animal e vegetal, a natureza espalhou as sementes da vida com
profusão e liberalidade. Foi, porém mais económica no espaço e no
alimento necessário para cultivá-las". A sequência lógica do raciocínio
de Malthus é que deve haver obstáculos constantes ao crescimento da
população. O mais drástico de todos é a escassez de alimentos. Outros
serão as atividades insalubres, o trabalho excessivo, a pobreza extrema,
as doenças, o mau tratamento das crianças, as cidades grandes, as
epidemias, a fome, os vícios, aos quais Malthus acrescentou mais tarde a
'repressão moral’(in: DOWNS, R.B. p.145).
Logo de início Darwin sublinha a dificuldade de ter sempre presente
no espírito a luta universal pela sobrevivência como um efeito de uma
superpopulação em relação à insuficiência dos meios de subsistência:
"Contemplamos a natureza exuberante de beleza e de prosperidade e
notamos, muitas vezes, uma superabundância de alimentação; mas não vemos,
ou esquecemos, que as aves, que cantam empoleiradas descuidosas num ramo,
nutrem-se principalmente de insetos ou de grãos, e que fazendo isto,
destróem seguidamente seres vivos; esquecemos que as aves carnívoras e os
animais de presa estão à espreita para destruir quantidades consideráveis
destes alegres cantores, destruindo-lhes ovos ou devorando-lhes os
filhos; não nos lembramos sempre de que, se há superabundância de
alimentação em certas épocas, o mesmo não se dá em todas as estações do
ano" (p.69).
O autor de Origem das espécies mostra que até a espécie humana,
cuja reprodução é lenta, pode dobrar em vinte e cinco anos, e,
consequentemente, "em menos de mil anos, não haveria espaço suficiente no
globo onde se conservasse de pé"(p.70). O elefante - que, entre os
animais mais conhecidos, é o que se reproduz mais lentamente (reproduz-se
dos 30 até os 90 anos) - chegaria, segundo o cálculo de Darwin, depois de
cerca de 750 anos, a 19 milhões de indivíduos, partindo do primeiro
casal. Evidentemente, nesses cálculos não são contabilizados os
obstáculos que se opõem à tendência natural para a multiplicação.
"As causas que se opõem à tendência natural para a multiplicação de
cada espécie são bastante obscuras"(p.72). Considerando que complexas e
inesperadas são as relações recíprocas dos seres organizados que lutam na
mesma região Darwin cita como principais barreiras à multiplicação: a
quantidade de alimentos, o clima e a facilidade com que os indivíduos se
tornam presas de outros animais. Além disso, característica de
fundamental importância é a capacidade de reprodução.
Sabe-se que Darwin constatou o papel essencial da seleção natural
na evolução das espécies. Neste sentido, ele questiona: quando vemos que
variações úteis ao homem ocorreram, incontestavelmente, seria tão
improvável que outras variações proveitosas, sob qualquer aspecto, para
os seres organizados, em seu grande e incessante combate pela vida,
tenham às vezes surgido no decorrer de milhares de gerações? Se
semelhantes variações são possíveis - importante lembrar que o número de
indivíduos que nascem é infinitamente maior do número dos que sobrevivem
- deveríamos duvidar de que aqueles que têm alguma vantagem, por pequena
que seja, sobre outros, não tenham mais chances de viver e propagar seu
tipo? Por outro lado, qualquer variação nociva, em qualquer grau, pode
acarretar a extinção do indivíduo. É a essa conservação de variações
individuais favoráveis e à destruição das que são nocivas que aplicou o
conceito de seleção natural ou de persistência do mais capaz.
Darwin coloca que muitos escritores têm compreendido mal e
criticado a expressão seleção natural. Mas acredita que, depois de algum
tempo, esses termos, a princípio novos, tornar-se-ão familiares, e as
críticas "inúteis" serão esquecidas.
A seleção natural é gerada na "luta pela sobrevivência", mas Darwin
logo adverte que emprega essa expressão no sentido metafórico mais amplo,
compreendendo as relações de dependência que existem entre um ser e outro
e, o que é mais importante, não apenas a vida do indivíduo, mas também a
sua aptidão e bom êxito no que se refere a descendentes. Destaca que dois
animais carnívoros, em tempos de fome, estão realmente em luta recíproca,
para decidir qual deles obterá o alimento que o fará sobreviver. Mas uma
planta situada às margens de um deserto luta pela vida contra a seca,
ainda que fosse mais exato dizer que sua existência depende de umidade.
Diante disso, pode-se dizer que a luta pela existência,
compreendida no sentido metafórico do termo, produz relações muito
imbricadas entre as diferentes espécies na escala da natureza. Assim,
Darwin constata que, na Inglaterra, a presença de mamangabas é
indispensável à fecundação do trevo vermelho, pois só elas são capazes de
perfurar a corola da flor, quando procuram o néctar. Mas o número desses
insetos varia em função do número de ratazanas que destróem seus ninhos.
Enfim, o número da população das ratazanas depende do número de gatos.
Assim, é perfeitamente possível, observa Darwin, que a abundância do
elemento felino em um local qualquer pode determinar através das
ratazanas e das mamangabas a freqüência de certas plantas. Essas relações
ecológicas complexas entre as espécies levam a uma seleção natural que,
certamente, pode explicar as "coadaptações" algumas vezes muito
complicadas.
Ainda, quanto à seleção natural, Darwin acredita que ela é
responsável pela divergência dos caracteres, partindo de um ancestral
comum e também pela extinção de certas cepas. A divergência dos
caracteres é uma aquisição positiva na luta pela existência: "um grupo de
animais, cujos organismos apresentam poucas diferenças, dificilmente pode
lutar com um grupo cujas diferenças sejam mais pronunciadas" (p.112).
Assim, continua o pesquisador inglês, pode-se duvidar, por exemplo, de
que os marsupiais australianos, repartidos em grupos pouco diferentes uns
dos outros e que representam vagamente (...) nossos mamíferos,
carnívoros, ruminantes e roedores, pudessem um dia lutar com sucesso
contra essas ordens tão fortemente caracterizadas. Cita como exemplo que
"entre os mamíferos australianos podemos observar a diferença das
espécies num estado incompleto de desenvolvimento" (p.112).
Segundo Darwin, a ação da seleção natural pode explicar o processo
de progresso gradual: "A seleção natural atua exclusivamente no meio da
conservação e acumulação das variações que são úteis a cada indivíduo nas
condições orgânicas em que pode encontrar-se situado em todos os períodos
da vida. Cada ser, e é este o ponto final do progresso, tende a
aprimorar-se cada vez mais em relação a estas condições. Este
aperfeiçoamento conduz inevitavelmente ao progresso gradual da
organização de maior número de seres vivos em todo o mundo" (p.119). No
entanto, Darwin reconhece a dificuldade que se tem ao definir o progresso
da organização: "referimo-nos aqui a um assunto muito complexo, porque os
naturalistas ainda não definiram, de forma satisfatória para todos, o que
deve compreender por um 'progresso de organização' " (p.119). Para os
vertebrados, trata-se, evidentemente, de um progresso intelectual e de
uma conformação que se aproxime da do homem."
Darwin está perfeitamente consciente do papel do fator tempo na
ação da seleção natural, cuja eficácia é enfatizada pelo grande
naturalista: "por mais lenta que seja a marcha da seleção, já que o homem
pode, com seus fracos meios, fazer muito por seleção artificial, não vejo
nenhum limite para a extensão das mudanças, para a beleza e para a
infinita complicação das coadaptações entre todos os seres organizados,
tanto uns com os outros, quanto com as condições físicas nas quais eles
se encontram, mudanças que podem, no decorrer do tempo, ser efetuadas
pela seleção natural, ou a sobrevivência dos mais aptos." O papel
predominante da seleção natural na concepção de Darwin é, por ele mesmo,
posto em evidência.
Darwin evidencia o combate no interior de uma espécie e entre as
diferentes espécies biológicas - intra e interespecífico -, em um habitat
comum, como a base biológica de seleção natural. Assinala também que a
luta pela existência é mais severa entre os indivíduos e as variedades da
mesma espécie. Diz ele que a luta é muito mais intensa entre os
indivíduos pertencentes à mesma espécie, os quais com efeito, freqüentam
as mesmas regiões, procuram o mesmo alimento, e vêem-se expostos aos
mesmos perigos. Darwin exemplifica dizendo que se semearmos juntas
diversas variedades de trigo, e se mais tarde semearmos novamente os seus
grãos misturados, as variedades às quais o solo e o clima serão mais
convenientes, ou que são por natureza mais férteis prevalecerão contra as
outras, fornecendo assim mais grãos, não tardando em suplantá-las
completamente. Para conseguir conservar uma coleção de variedades muito
vizinhas, como por exemplo, da ervilha-de-cheiro, é preciso, a cada ano,
colhê-las separadamente, depois misturar suas sementes nas proporções
desejadas. Pois, de outro modo, as variedades mais fracas diminuem e
acabam por extinguir-se. Para provar que a concorrência recíproca será
muito mais rigorosa entre as espécies de um mesmo gênero que entre as
espécies de gêneros diferentes, Darwin cita, entre muitos exemplos, que
nos Estados Unidos uma espécie de andorinha causou a extinção de uma
outra congênere.
Esse combate intra-específico, na concepção de Darwin, não leva, de
modo algum, à destruição da espécie, mas, ao contrário, leva um grupo
formado pelos indivíduos mais aptos a sobreviver, conseqüentemente mais
bem adaptados às suas condições de existência. No que se refere ao
combate inter-específico, pode ele conduzir à eliminação de certas
espécies ou variedades por outras mais bem armadas, mas em muitos casos,
esse tipo de luta pela existência pode produzir um reforço recíproco das
espécies em concorrência, pela sobrevivência dos indivíduos mais
resistentes.
Além disso, a luta pela existência - inter ou intra-específica -
explica as coadaptações muito diversas que existem na natureza: "a
conformação de cada ser organizado está em relação, nos pontos mais
importantes e algumas vezes mais ocultos, com a de todos os seres
organizados com os quais se acha em concorrência para a sua alimentação e
habitação, e com a de todos aqueles que lhe servem de presa ou contra os
quais tem de defender-se"(p.79/80). Essa asserção é ilustrada pela
conformação das garras e das presas do tigre e a das patas e dentes do
parasita que se agarra aos pêlos de seu corpo. Não se limitando ao mundo
animal, tais adaptações específicas se encontram também no reino vegetal.
Assim, as sementes providas de um feixe de pêlos podem ser transportadas
a distância e cair num terreno não ocupado por outras espécies; até a
reserva de alimento que se acumula nas sementes de vegetais favorece
espécies muito ricas em tais acúmulos, como por exemplo, as ervilhas e as
favas quando se encontram disseminadas entre as plantas selvagens. Darwin
observa ainda: "A substância nutritiva depositada nas sementes de muitas
destas plantas parece, de início, não apresentar espécie alguma de
conexão com outras plantas. Contudo, o crescimento vigoroso das novas
plantas provindo destas sementes (...) parece indicar que a principal
vantagem desta substância é favorecer o crescimento da sementeira na luta
que sustenta com as outras plantas que crescem em volta de si" (p.80).
Recapitulando sua concepção da luta pela existência, Darwin conclui
com otimismo que devemos "lembrar-nos a todo instante que os seres
organizados se empenham incessantemente por se multiplicar seguindo uma
progressão geométrica; cada indivíduo, em algumas fases da vida, durante
determinadas estações do ano, no decurso de cada geração ou em certos
intervalos, deve lutar pela sobrevivência e permanecer exposto à
destruição. O simples fato de pensar nesta luta universal provoca tristes
reflexões; todavia, podemos consolar-nos com a certeza de que a luta não
é incessante na natureza, que o medo é desconhecido, que a morte está
geralmente pronta, e que os seres vigorosos, sadios e afortunados
sobreviverão e se multiplicarão" (p.81).
Outro tipo de seleção que Darwin evidencia é a chamada seleção
sexual. Esta, é ainda considerada com reserva no mundo científico. Sabese
que não se trata de uma luta pela existência, no sentido estrito da
palavra, mas de um combate pelo prolongamento da existência individual na
descendência. O pesquisador assim coloca: esta espécie de seleção não
depende da luta pela sobrevivência com outros seres organizados, ou com
as condições ambiente, mas a luta entre os indivíduos de um mesmo sexo,
ordinariamente machos, para assegurar a posse do sexo oposto. Esta luta
não cessa com a morte do vencido, mas pela falta ou pela pequena
quantidade de descendentes"(p.90/91). Acrescenta ainda: "A seleção
sexual, é pois, menos rigorosa que a seleção natural" (p.91).
Sabe-se que os machos diferem das fêmeas de sua espécie pelos
caracteres sexuais primários - órgãos de reprodução -, mas também por
caracteres sexuais secundários como por exemplo, a cauda do pavão. É a
seleção sexual a responsável, segundo Darwin, por esses atributos que
servem para combater e repelir os rivais, impedindo-os assim de fecundar
as fêmeas, enquanto os ornamentos, as cores, os odores, etc., têm a
função de atraí-las. O pesquisador inglês considera que se deve atribuir
tais caracteres à ação à seleção sexual e não à seleção ordinária, pois
os machos desprovidos de tais atributos secundários poderiam afrontar a
luta pela existência e engendrar uma numerosa descendência, se não
encontrassem machos mais bem dotados em armas ou em atrativos; a prova
disso é que as fêmeas que não possuem tais meios suplementares podem
muito bem sobreviver e reproduzir a espécie. Darwin estabelece uma
analogia entre a seleção sexual e a artificial: da mesma maneira que o
brutal criador de galos de briga pode aprimorar a raça pela escolha
rigorosa dos seus mais belos exemplares, assim também os machos mais
vigorosos, isto é, os que são mais capazes a ocupar o seu lugar na
natureza, deixam um número maior de descendentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como disse Darwin, no mundo inteiro, a seleção natural procura, a
cada dia, a cada hora, as mais leves variações; rejeita as que não
servem, preservando e acrescentando as que servem. É desta forma que a
teoria da evolução contínua é apresentada na Origem das Espécies.
A específica contribuição que Darwin trouxe às investigações
evolucionistas é o princípio da seleção natural. A evolução progride em
perfeição cada vez maior, porque os organismos são selecionados. Quem faz
essa seleção é a própria natureza; seleção muito mais profunda que a
seleção artificial. Para explicar a modalidade em que essa seleção
acontece, Darwin se reporta a Thomas Malthus, cujas teorias em torno do
crescimento populacional preconizavam, no futuro, uma luta pela
sobrevivência. Para o pesquisador, a luta pela vida, oriunda da falta de
alimentos e condições de vida adversas, sempre existiu, e nesta luta
sobreviveram sempre os organismos mais fortes, mais rijos, ocasionando
uma seleção constante. Tal seleção é auxiliada por uma seleção sexual,
pois os acasalamentos se dão entre espécimes mais fortes; pelas mudanças
ambientais, pois estas sempre acontecem em benefício das espécies; pela
hereditariedade, pois os filhos recebem, na geração, os caracteres dos
pais.
Pode-se dizer que a influência de Darwin em quase todos os ramos
importantes do conhecimento foi e continua a ser profunda.
Basicamente, Darwin apresentou um mecanismo aceitável para explicar
como as espécies se modificam. Ele documentou que os organismos se
modificam contínua, lenta e gradualmente, de modo a, sem saltos, originar
novos tipos de seres vivos ao longo de uma série de etapas intermediárias
de seres em transformação; admitiu que estas mudanças permitem aos
organismos adaptarem-se ao meio onde vivem e que elas são promovidas pela
seleção natural - um mecanismo que favorece determinados indivíduos a
deixar mais descendentes do que outros.
Cabe ressaltar que também em relação à evolução, Darwin foi
pioneiro ao transpor a análise individual dos organismos - feita pela
biologia clássica - para os estudos modernos que envolvem populações
inteiras de plantas e animais.
Para sintetizar, Darwin é, com toda justiça, considerado um dos
mais criteriosos e competentes observadores da natureza. Demonstrou que a
adaptação ao ambiente decorre da ação da seleção natural e foi o seguidor
e cloncluinte de uma teoria científica que, antes dele, vinha germinando
ou que, pelo menos, já tinha sido prognosticada filosoficamente.
Alguns evolucionistas pós-darwinianos tenderam a propagar uma idéia
empobrecida, ingenuamente feroz, da seleção natural, a idéia da pura e
simples "luta pela vida", expressão que inclusive não é de Darwin, mas de
Spencer. Os neodarwinianos do começo deste século propuseram, ao
contrário, uma concepção muito mais rica, importante e mostraram,
baseados em teorias quantitativas, que o fator decisivo da seleção não é
a "luta pela vida", mas no interior de uma espécie, a taxa diferencial de
reprodução.
Para finalizar, Darwin não nega que alguns se opõem à teoria da
descendência - modificada pela variação e pela seleção natural - com
numerosas e sérias contestações. Porém, o pesquisador considera a objeção
levantada por sir William Thompson como uma das mais sérias. Dizia ele
que o intervalo decorrido desde o surgimento da Terra teria sido
insuficiente para permitir a soma das alterações orgânicas que se admite.
Darwin responde a isso dizendo, em primeiro lugar, que não há como
precisar (avaliada em anos) a rapidez das modificações das espécies e,
depois, que muitos cientistas até admitem o insuficiente conhecimento da
constituição do universo e do interior do Planeta para saber de forma
precisa sua idade.
Darwin acrescenta ainda que se forem considerados períodos longos,
a geologia prova que todas as espécies se transformaram e se transformam
de acordo com sua teoria - lenta e progressivamente.
Interessante colocar que Darwin, quanto às objeções mais sérias,
julga-se ignorante para avaliá-las. No entanto, elas não são suficientes
para contestar os fatos e considerações que profundamente o convenceram
de que, durante uma longa série de gerações, as espécies se modificaram.
Acrescenta ainda, que essas modificações efetuaram-se principalmente pela
seleção natural de numerosas variações pequenas, mas vantajosas.
Com relação à afirmação de que o pesquisador atribui as
modificações da espécies exclusivamente à seleção natural, Darwin assim
defende-se dizendo que sempre deixou clara sua posição, escrevendo no
final da introdução da primeira edição dessa obra o seguinte: "Estou
convencido de que a seleção natural tem sido o agente principal das
modificações, mas jamais o foi exclusivamente só"(p.450).
Além disso, contestaram a teoria da seleção natural criticando o
método de raciocínio. Darwin responde dizendo: "os maiores sábios não
deixaram de o seguir" (p.451).
Conclui-se o presente trabalho com a correta colocação de Darwin:
"Quando as opiniões que expus nesta obra, opiniões que Mr. Wallace
afirmou também do jornal da Sociedade Lineana, e quando opiniões
semelhantes sobre a origem das espécies forem geralmente aceitas pelos
naturalistas, podemos prever que se produzirá na história natural uma
importante revolução”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUICAN, D. Darwin e o Darwinismo.Tradução: Lucy Magalhães. Jorge Zahar
Editor. Coleção Cultura Contemporânea. Rio de Janeiro.
DARWIN, C. A Origem das Espécies. Tradução: Eduardo Fonseca. HEMUS -
Livraria Editora Ltda. São Paulo.
DESMOND, A. et MOORE, J. Darwin: A Vida de um Evolucionista Atormentado.
Tradução: Hamilton dos Santos, Gustavo Pereira, Maria Alice Gelman.
Geração Editorial. São Paulo. 1995.
DOWNS, R.B. Obras Básicas: Fundamentos do Pensamento Moderno. MEC.
Tradução: Hilda P.S. Maciel e Maria C.D. Hahn. Rio de Janeiro-RJ, 1969.
FUTUYAMA, D. Biologia Evolutiva. 2a ed. Sociedade Brasileira de
Genética/CNPq: Ribeirão Preto-SP, 1992.
GIRARDI, L.J. Filosofia. Liv. e Edit. Acadêmica Ltda. Porto Alegre-RS,
1982.
GAARDER, J. O Mundo de Sofia: Romance da História da Filosofia. Tradução:
Joio Azenha Jr. Companhia das Letras. São Paulo, 1995.
LIMA, C.P. de. Evolução Biológica. Ática: São Paulo, 1988.
MAYR, E. Populações, Espécies e Evolução. USP: São Paulo, 1977.
MONOD, J. O Acaso e a Necessidade. Tradução: Bruno Palma e Pedro P. de S.
Madureira. Ed. Vozes. Petrópolis-RJ, 1972.
Autores:
Paulo Ricardo da Silva, Rafael Régis Zamboni e Ana Flávia Marques
Enviado por Laboratório de Biotecnologia Vegetal – email
BIBLIOTECA VIRTUAL
http://www.bibliotecavirtual.com.br
Sua fonte de pesquisas na Internet

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