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Horário de brasilia

Linhagem sanguínea dos Illuminati é a MESMA - Nova Ordem Mundial

sábado, 3 de julho de 2010

Trombose


II – Desenvolvimento
2.1. – Trombose
A fibrilação e flutter auriculares são arritmias semelhantes. Na fibrilação, as
aurículas batem em freqüência de 350 a 600 por minuto, mas os ventrículos têm em
geral uma freqüência de 100 a 150 por minuto e ritmo inteiramente irregular. No flutter,
as aurículas batem de 250 a 350 por minuto e os ventrículos raramente batem mais que
150 por minuto. Tanto a fibrilação quanto o flutter podem ser provocados pela doença
reumática, isquemia do coração, hipertensão, hipertireoidismo, infecções agudas
(difiteria, pneumonia), operações (especialmente torácicas) e pericardite. A fibrilação
pode surgir mesmo na ausência de qualquer doença cardíaca e persistir durante anos.
Bloqueio cardíaco significa interferência na produção ou na condução do
impulso que faz contrair o coração. No bloqueio auriculoventricular (1º, 2º e 3º graus)
há interferência na condução do impulso através de um dos ramos do feixe
auriculoventricular. Faz-se o diagnóstico pelo eletrocardiograma.
Quando, por efeito de fibrilação auricular, taquicardia, assistolia ventricular,
cessa o fluxo sanguíneo cerebral, o indivíduo entra em síncope (a pele fica inicialmente
branca, depois arroxeada) dentro de poucos segundos. Se o coração não recomeçar a
bater dentro de 10 segundos aparecem convulsões, sobrevindo a morte dentro de 1,5 a 2
minutos. Tais síndromes têm o nome de síndrome de Adams-Stokes.
2.2. – Acidentes Vasculares Cerebrais – AVC
Quando um vaso sangüíneo que leva sangue para parte importante do cérebro é
subitamente bloqueado ou quando um vaso cerebral é rompido, diz-se que o paciente
teve um acidente vascular cerebral, ou simplesmente, um AVC. Isso representa a causa
da morte de cerca de 10% das pessoas. Em cerca de ¼ do total de casos, o processo é
causado por coágulo sanguíneo que se formou em placa a terosclerótica de uma das
artérias principais. Nos outros ¾, a artéria rompe devido à pressão arterial muito elevada
ou porque a parede desse vaso ficou enfraquecido pelo processo da doença a
terosclerótica. Uma hemorragia nos tecidos cerebrais, comprime, muitas vezes, as
células neuronais o suficiente para destruilas ou, pelo menos, interromper seu
funcionamento. Por outro lado, nessa zona hemorrágica forma-se o coágulo que se
estende, em sentido retrógrado, para o interior da artéria, o que bloqueia a continuidade
do fluxo sanguíneo por esse vazo. Portanto, a maior parte do tecido nervoso morre por
falta de nutrição. Dessa forma, sem qualquer relação com a causa do acidente vascular
cerebral, seja por simples oclusão vascular, seja por hemorragia, os resultados são,
essencialmente, idênticos, isto é, destruição de grande parte do próprio cérebro.
Os efeitos de um acidente vascular cerebral dependem do vaso que ficar
bloqueado. Muito freqüentemente. O vaso atingido é a artéria cerebral média, que supre
a área cerebral controladora da função muscular, quando a metade oposta do corpo fica
paralisada. O bloqueio dos ramos posteriores da artéria cerebral média, que supre com
sangue a área de Wernicke (a área no lobo temporal posterior que integra os níveis mais
altos do pensamento) fará com que a pessoa fique demente. incapaz de compreender
qualquer comunicação que lhe chega, ou de falar frase coerente. O bloqueio da artéria
cerebral posterior, por corro lado, provoca cegueira parcial. O bloqueio das artérias no
cérebro posterior tende a causar a destruição das vias nervosas que conectam o cérebro à
medula espinhal, produzindo vários tipos de anormalidades, como paralisia, perda de
sensibilidade, perda de equilíbrio, etc.
2.3. – Aneurisma
Sífilis cardiovascular. A sífilis (lues) cardiovascular é hoje mais rara do que há
trinta anos. É mais comum em homens do que em mulheres. Após a infecção sifilítica
inicial, o processo mantém-se latente durante quinze a vinte anos, para depois se
manifestar clinicamente. A sífilis não acomete diretamente o coração, mas sim a aorta,
produzindo: (1) dilatação (aneurisma), que se pode romper, dando hemorragias e
causando a morte; (2) lesões na válvula aórtica, que se torna insuficiente; (3)
estreitamento do orifício de saída das coronárias (estas saem diferentemente da aorta e
vão irrigar o coração), causa dores anginosas e até morte súbita. O aneurisma constitui
verdadeira tumoração pulsátil, de evolução progressiva. Ao crescer, causa modificações
nos tecidos que o rodeiam, podemos até produzir erosões ósseas. O diagnóstico se faz
através de anamnese, exame objetivo e exame radiológico. O tratamento varia com o
tipo e a localização do aneurisma. A cirurgia hoje resolve com êxito muitos casos de
aneurismas. No Brasil as operações de aneurismas, com aplicação de enxertos, já vêm
sendo feitas com êxito, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro.
III – Conclusão
Conclui-se que a trombose, o AVC (Acidente Vascular Cerebral), e o aneurisma
são três gravíssimas lesões que, levando em conta a gravidade, acontece com
freqüência. São lesões que na maioria das vezes acontece em homens, de idade superior
a 45 anos e que tem problemas de saúde ligados ao coração. A trombose trata-se de
interrupções de veias e artérias situadas no cérebro. O AVC trata-se de um rompimento
que na maioria das vezes acontece por aumento da pressão sangüínea. E, por fim, o
aneurisma trata-se de uma sífilis que se aloja no cérebro e demora cerca de quinze anos
para causar danos clínicos. Os três tipos de lesões são de gravidade altamente arriscada,
e podem levar o indivíduo a morte em minutos.
IV – Bibliografia
Enciclopédia Barsa
Fisiologia Humana, Guyton.
No Problem - Enciclopédia Virtual
www.noproblem.matrix.com.br
sugestões: noproblem@matrix.com.br

ANELÍDEOS - MOLUSCOS ARTRÓPODES


2.1 - Anelídeos
Muito comuns nas hortas e terrenos úmidos, as minhocas estão entre os mais
conhecidos anelídeos. O húmus, camada fértil do solo, é em grande parte produto da ação
das minhocas, por isso chamadas de "arados da natureza".
Os anelídeos constituem um filo do reino animal que compreende os vermes mais
evoluídos. Seu nome deriva do fato de ter o corpo dividido em segmentos ou "anéis",
peculiaridade que o aproxima dos artrópodes, também segmentados. As semelhanças
entre anelídeos e artrópodes levaram alguns autores a reunir os dois grupos em um único
filo, o dos articulados.
Acredita-se que os anelídeos primitivos tinham o corpo constituído de segmentos
iguais, com os mesmos órgãos. De fato, mesmo nos anelídeos atuais, todos os segmentos
são atravessados pelo tubo digestivo e pelos vasos sangüíneos longitudinais. Apresentam
um par de nefrídios, uma ampla cavidade celomática e um par de gânglios nervosos
unidos aos dos outros segmentos por nervos longitudinais. Entretanto, a segmentação
nunca é totalmente homogênea, pela tendência de alguns órgãos a se concentrarem em
certos segmentos. Assim, os órgãos reprodutivos ficam geralmente confinados à região
mediana do corpo, e os sensoriais, à região anterior (cefálica).
2.1.1 - CLASSIFICAÇÃO
Na maioria dos anelídeos, a superfície do corpo apresenta cerdas, o que serve de
base para a divisão do filo em três classes: poliquetos, oligoquetos e aquetos.
Poliquetos. Com grandes tufos de cerdas (parápodes) implantadas em expansões
laterais do corpo, os poliquetos são, em geral, marinhos, mas existem alguns de água
doce. Muitas espécies são planctônicas, ou seja, vivem flutuando passivamente; outras
arrastam-se por entre as rochas do fundo; e outras ainda vivem dentro de tubos por elas
mesmas construídos. Seu tamanho varia de milímetros até um ou dois metros, como
certos representantes da ordem dos eunicídeos, conhecidos como "minhocão dourado" ou
"dourada", pelo aspecto iridescente do corpo.
Oligoquetos. Apresentando em cada segmento uma fileira circular de cerdas
curtas, muitas vezes incompleta, os oligoquetos compreendem os anelídeos vulgarmente
chamados de minhocas, cujo tamanho também varia de milímetros até cerca de dois
metros, como nos minhocuçus (família dos megascolecídeos) das florestas brasileiras.
Segundo Charles Darwin, as minhocas, em condições favoráveis, podem trazer para a
superfície cerca de nove toneladas de solo por hectare em um ano, contribuindo assim
para a mistura da matéria orgânica e mineral. A maioria dos oligoquetos é terrestre, de
regiões úmidas e hábitos subterrâneos; um número razoável de espécies vive na água
doce; raras são marinhas.
Aquetos. Mais freqüentemente denominados hirudíneos e, vulgarmente,
sanguessugas, os aquetos não apresentam cerdas e sua segmentação é menos nítida. São
predadores ou parasitas, vivem principalmente à custa do sangue de seus hospedeiros, que
sugam com uma ventosa instalada ao redor da boca.
Outros grupos. Além dessas três grandes classes, existem dois pequenos grupos:
os arquianelídeos, de certo modo relacionados com os poliquetos, e os misostomídeos,
possivelmente aparentados com os hirudíneos.
Morfologia. O aspecto exterior dos anelídeos varia bastante, conforme a classe,
desde a aparência lisa e homogênea das minhocas e sanguessugas, até os exuberantes
penachos e cabeleiras formados pelas brânquias e órgãos coletores de alimentos de certos
poliquetos tubícolas. No primeiro segmento encontra-se a boca e no último o ânus. Essas
aberturas delimitam o trajeto do tubo digestivo.
O aparelho digestivo apresenta morfologia variada, conforme os hábitos
alimentares. O aparelho circulatório é basicamente formado por um vaso longitudinal
dorsal, sobre o tubo digestivo, e por dois vasos longitudinais ventrais, um deles situado
sob o tubo digestivo e outro sob o cordão nervoso. A respiração ocorre, em alguns, em
redes capilares nas paredes do corpo (minhocas); em outros, através de contrações
musculares, e a troca gasosa ocorre nas paredes do intestino terminal. O aparelho excretor
é formado por uma série de tubos, com uma extremidade aberta para o exterior e a outra,
para o celoma.
O padrão do sistema nervoso é o mesmo em todos os anelídeos e os órgãos dos
sentidos refletem o tipo de vida que leva o animal: são mais desenvolvidos em alguns
(sanguessugas e poliquetos) e menos em outros, como as minhocas, que têm vida
subterrânea. Os poliquetos, na maioria dos casos, têm sexos separados, enquanto os
demais anelídeos são hermafroditas. Salvo raríssimas exceções, a fecundação dos
poliquetos é externa. Os gametas são descarregados na água, onde ocorre a fecundação.
Nos anelídeos hermafroditas, ocorre a cópula e troca de espermatozóides entre os
parceiros. A fecundação, todavia, se dá posteriormente, quando os espermatozóides
recebidos pelo animal e armazenados em receptáculos seminais fecundam seus óvulos.
2.2 - Artrópodes
Um dos grupos sistemáticos que alcançaram maior evolução no reino animal foi o
dos artrópodes. Sua variedade de formas e dimensões -- compreende seres de poucos
décimos de milímetro, como certos ácaros, e espécimes que atingem dois metros, como
alguns caranguejos tropicais -- atraem a atenção dos que estudam a evolução dos animais
e sua adaptação ao meio ambiente.
2.2.1 - Características gerais
Artrópodes são animais invertebrados caracterizados por possuir patas e
apêndices articulados e o corpo formado de segmentos ou anéis. Uma cobertura
geralmente espessa, chamada exosqueleto, reveste o corpo, proporcionando uma espécie
de proteção articulada aos músculos e órgãos. As fibras musculares são estriadas. O
aparelho mastigador e os órgãos sensoriais localizam-se na cabeça. No caso dos
artrópodes mais simples, o corpo tem duas partes: cabeça e tronco (miriápodes). O tronco
pode se apresentar dividido em tórax e abdome (insetos). A cabeça e o tórax podem
também juntar-se, formando o cefalotórax (aranhas e alguns crustáceos). Os artrópodes
são os únicos animais, entre os invertebrados, que além de possuírem corpo e pernas
articulados, condição capaz de garantir sua existência em qualquer tipo de habitat,
desenvolveram asas ao longo de sua evolução, para se deslocarem também pelo ar. Essa é
uma das razões para sua presença em qualquer parte do planeta. O ramo dos artrópodes
(na verdade, um filo) inclui aproximadamente oitenta por cento das espécies animais
conhecidas. Outra razão de sua onipresença é a sua insuperável capacidade de adaptação
ao meio. Muda e crescimento. Para crescer, o artrópode precisa perder sua armadura
exterior, que só permite o crescimento dentro de limites muito estreitos. Essa mudança
ocorre quando o animal abandona o exosqueleto antigo, saindo por uma fenda
longitudinal formada ao longo do dorso ou da parte lateral do corpo. Enquanto esse
revestimento é novo e ainda não enrijeceu, o animal poderá crescer mas, quando
endurece, o crescimento pára até a próxima muda. Se o esqueleto exterior ainda está
flexível, o animal fica desprotegido e, geralmente, se esconde.
Musculatura e movimento. Os músculos de movimento são estriados e se
inserem nas dobras internas da película próxima às articulações. A maior parte dessa
musculatura é longitudinal e segmentada. Raramente se desenvolvem músculos
circulares, enquanto há abundância de músculos oblíquos, dorsoventrais, superficiais e
profundos, constituindo um conjunto complexo. O sistema muscular associa-se ao
esqueleto para produzir movimento e locomoção, como nos vertebrados. A diferença é
que, nos artrópodes, os músculos se prendem à superfície interna do esqueleto externo
(exosqueleto) e ficam por dentro dele, e nos vertebrados os músculos se prendem à
superfície externa do esqueleto (interno) e o envolvem.
Órgãos e funções. O aparelho circulatório não é fechado e compõe-se de largos
espaços vasculares, as lacunas hemocélicas, que banham os diversos órgãos. O sangue é
enviado por um coração dorsal às principais artérias que, quase sempre, terminam nas
lacunas. De lá, o sangue volta e entra no coração, onde entra por dois orifícios (óstios).
Estes se abrem para receber o sangue e depois se fecham, enquanto o coração se contrai e
força o sangue a retornar às artérias. Vasos finos, capilares, não existem. O sangue,
conforme a presença e natureza dos pigmentos respiratórios -- como hemoglobina e
hemocianina, dissolvidos no plasma --, pode ser verde, azul, vermelho ou incolor.
O aparelho respiratório, na maioria dos artrópodes terrestres, funciona por meio de
traquéias, condutos reforçados por anéis. Esses canais se ramificam em tubos finos,
cheios de ar, que partem da superfície do corpo e terminam junto às células dos tecidos.
O aparelho digestivo se compõe da boca, que se prolonga na faringe; do intestino
médio, que atua na absorção dos alimentos; e do intestino terminal, que absorve água e
possibilita a consolidação das fezes. Quanto à excreção, os artrópodes possuem
celomodutos, canais de origem mesodérmica, que comunicam as cavidades com o
exterior. São exemplos de órgãos excretores a glândula antenar e maxilar dos crustáceos,
e os rins labiais ou maxilares dos diplópodes. As substâncias excretadas também variam.
O sistema nervoso consiste em um par de filamentos ventrais com duas
protuberâncias ganglionares em cada segmento, que se ramificam para os órgãos e
membros. O cérebro é constituído de três regiões: a anterior, que inerva os olhos; a
segunda (ou deutocérebro), que recebe os nervos das antenas (primeiro par de antenas nos
crustáceos) e contém centros de associação; e a terceira (tritocérebro), cujos nervos vão
para o lábio inferior, paracotrato digestivo, quelíceras e segundo par de antenas, no caso
dos crustáceos. O motivo da concentração de órgãos importantes na cabeça dos
artrópodes (cefalização) é a presença de órgãos sensoriais bastante desenvolvidos, como
os olhos e as antenas. Muitos artrópodes têm olhos simples, outros compostos e outros
ainda, entre os quais numerosas espécies de insetos, olhos de ambos os tipos. É imensa a
variedade de órgãos dos sentidos nesses animais: supera a de todos os outros
invertebrados e tem extraordinárias especializações, como no caso das abelhas, que, por
movimentos rítmicos do corpo, captam e transmitem informações a respeito da distância
e direção da colméia e do alimento. Órgãos especiais percebem peso, tensão etc. Outros
órgãos medem a intensidade da luz, como os olhos, ou captam informações tácteis,
olfativas ou vibratórias, como as antenas.
A reprodução não se dá de forma invariável, pois os ovos, em algumas espécies,
são fertilizados dentro do aparelho genital feminino e, em outras, fora dele. Há
dimorfismo sexual, mas é significativo o número de casos de hermafroditismo. Muitos se
acasalam por meio de apêndices transformados. Em geral, há uma única abertura genital
externa, mas podem existir duas. Nas formas terrestres, a fecundação é sempre interna;
nas aquáticas, pode ser externa.
2.2.2 - CLASSIFICAÇÃO
De modo geral, as 11 classes de artrópodes podem ser englobadas em três grandes
grupos: (1) trilobitas -- aquáticos, de antenas pré-orais e apêndices birremes, iguais em
todos os segmentos (todos fósseis); (2) quelicerados -- sem antenas, com um par de
apêndices preênseis antes da boca, as quelíceras, e um par de apêndices táteis, os
pedipalpos: euripterídeos (fósseis), xifosurídeos, picnogonídeos e aracnídeos; (3)
mandibulados -- com um ou dois pares de antenas e um par de mandíbulas: crustáceos,
quilópodes, diplópodes, hexápodes, paurópodes e sínfilos.
Os quilópodes, diplópodes, paurópodes e sínfilos formavam antigamente a classe
dos miriápodes, que os zoólogos atuais não mais reconhecem.
Artrópodes como agentes de doença. Vários artrópodes são agentes causadores de
doenças e portadores de microrganismos patogênicos.
Ácaros. O sarcoptes scabili é o ácaro responsável pela sarna humana (escabiose),
doença de pele cujas lesões se localizam nas axilas, aréolas mamárias, abdome, nádegas,
pênis, cotovelo, punho, raramente pescoço e rosto. A coceira é sua principal manifestação
e aparece, geralmente, em pessoas com precários hábitos de higiene. É doença bastante
contagiosa. Nos indivíduos nunca atingidos antes, leva um mês para se manifestar. Nos
reincidentes, progride rapidamente.
Piolhos. As infestações cutâneas causadas por piolhos (muquiranas) são chamadas
pediculoses. Existem três tipos: (1) do couro cabeludo, provocada pelo Pediculus capitis:
seu principal sintoma é a coceira no couro cabeludo, na região occipital; as fêmeas do
parasita depositam ovos (lêndeas) que se fixam nos cabelos por meio de uma substância
gelatinosa; às vezes, o parasita migra para os supercílios e pêlos do tórax e das axilas; (2)
do corpo, produzida pelo Pediculus corporis: seus principais sintomas são coceira e
pequenas escoriações lineares cobertas de crostas hemorrágicas; e (3) do púbis, causada
pelo Phthirius pubis, vulgarmente conhecido como "chato": embora prefira localizar-se na
região pubiana, o P. pubis pode alcançar as axilas, o bigode, os cílios e supercílios e, mais
raramente, os cabelos; de corpo achatado, agarra-se aos pêlos e introduz firmemente a
cabeça no orifício do folículo piloso, tornando-se difícil retirá-lo daí; deposita suas
lêndeas nos pêlos; o contágio dessa pediculose ocorre, principalmente durante o ato
sexual, mas também pode ocorrer em banheiros e privadas; seu sintoma é a coceira
intensa.
Pulgas. São comuns as lesões cutâneas produzidas por pulgas, como a do cão, a
do gato e a do rato. Esta última é o mais temível transmissor da peste bubônica.
Bichos-de-pé. O Sarcopsylla penetrans e o Tunga penetrans, comuns nos meios
rurais, causam a sarcopilose e a tungíase, infecções cujos sintomas são coceira e dor, e
que causam pequenos abscessos.
Moscas. A mosca doméstica (Musca domestica) facilita a disseminação da febre
tifóide. As larvas (berne) das moscas (Dermatobia hominis) e das varejeiras (Callitroga
hominivorax) produzem miíase ou bicheira no homem e nos animais. A aplicação de um
simples pedaço de toucinho atrai a larva para fora.
Carrapatos. São parasitas de animais, comuns no meio rural.
Barbeiros. Hematófagos de hábitos noturnos que se abrigam nas frestas das casas de paua-
pique e são vetores do Trypanosoma Cruzi, causador da doença-de-chagas.
Percevejos. Esses pequenos artrópodes abandonam, à noite, os esconderijos e
saem em busca de seu alimento -- o sangue do homem e dos animais, que sugam através
da pele; provocam diversos tipos de lesões cutâneas.
Mosquitos. A variedade conhecida por "borrachudo" ataca principalmente as
pernas do homem, produzindo infiltração dolorosa e prurido muitas vezes insistente. O
mosquito-pólvora tem picada muito pruriginosa. Dentre os culicídios, há os que
transmitem a malária, a febre amarela e a filariose.
Aranhas. Algumas espécies são nocivas ao homem. A picada das aranhas dos
gêneros Latrodectus e Lycosa é responsável pelo aparecimento de edemas e petéquias. As
ulcerações demoram a cicatrizar e, em certos casos, como o da viúva-negra (Latrodectus
mactans), podem ser mortais.
Escorpiões. Sua picada tem conseqüências graves, pode provocar náuseas, torpor,
convulsões, taquicardia e até a morte.
Centopéias. A picada desses artrópodes causa eritema ou edemas discretos, com intensa
dor.
Vespas, abelhas e marimbondos. Sua picada causa dor forte, podendo produzir
outras reações gerais, como choque anafilático.
Taturanas. Suas larvas produzem eritema vivo, com ardor intenso; regride em
três dias. Cantáridas. Coleópteros que provocam placas pouco edemaciadas, mas muito
pruriginosas. No Brasil, o Paederus brasiliensis e o P. fuscipes são os responsáveis por
essas manifestações.
2.3 - Moluscos
Encontrados nos mais diferentes habitats, desde oceanos profundos até altas
montanhas, os moluscos constituem um dos mais diversificados filos animais. Foram
descritas mais de 75.000 espécies vivas -- tão variadas quanto o caracol, o polvo e a ostra
-- e 35.000 fósseis, o que indica que o filo tem sido muito bem-sucedido ao longo da
evolução.
Moluscos são animais invertebrados dotados de celoma (cavidade situada entre a
parede do corpo e os órgãos internos) e constituídos, em sua maior parte, por três regiões
corporais: cabeça (inexistente nos bivalves e em certos grupos de estrutura rudimentar);
massa visceral, com os órgãos mais importantes, que é envolvida por um manto carnoso
mole, revestido, na maioria das espécies, por uma concha calcária; e pé, musculoso e de
finalidade locomotora.
Depois dos artrópodes, os moluscos constituem o filo mais importante de animais
invertebrados, tanto pelo número de espécies, quanto pelo desenvolvimento e a perfeição
alcançados por alguns de seus sistemas orgânicos. Presentes nos mais antigos estratos
geológicos em que se encontraram vestígios de vida animal, disseminaram-se por todos
os mares, deixando fósseis característicos em diversos períodos da história geológica.
2.3.1 - CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E
MORFOLÓGICAS
Em alguns moluscos, como os cefalópodes (polvos e lulas, entre outros), o pé se
transformou, ao longo da evolução, num conjunto de tentáculos providos de ventosas. Em
muitos gastrópodes terrestres, como os caramujos e caracóis, o pé é a massa muscular e
viscosa que se arrasta pelo solo, última parte a se introduzir na concha quando há situação
de perigo.
As camadas externas do corpo formam, na região dorsal, uma prega ou manto que
segrega a concha -- estrutura mineralizada cuja função é proteger o molusco. Dos
diversos componentes da concha, no máximo noventa por cento são substâncias
inorgânicas, principalmente carbonato de cálcio. A espessura da concha acha-se
estreitamente relacionada a certos fatores ambientais, como por exemplo o grau de
acidez, a temperatura e a salinidade da água do ambiente.
Nos caracóis, a concha assume forma de espiral, enquanto nos bivalves compõe-se
de duas partes articuladas (valvas), que se fecham devido à ação de vários músculos. Nos
cefalópodes, a concha em geral se resume a uma estrutura cartilaginosa interna, como a
"pena" da lula. Em outras classes de moluscos, o corpo pode ser protegido por várias
placas calcárias que se dispõem em seqüência, como nos quítons, ou por uma concha
alongada, cônica, arqueada e aberta nas extremidades, como nos dentálios. Os moluscos
terrestres, como caracóis e lesmas, têm pulmões que os habilitam a respirar o oxigênio do
ar. As espécies aquáticas respiram por brânquias.
No tegumento, ou tecido de revestimento, há células portadoras de pigmentos
denominadas cromatóforos, que, por contração ou dilatação, provocam mudanças na
coloração do animal. Aparecem também numerosas glândulas, algumas delas capazes de
emitir radiações luminosas, como os fotóforos dos cefalópodes, e outras que elaboram
substâncias coloridas sob a ação da luz, como a púrpura dos múrices, muito apreciada
pelos antigos povos mediterrâneos.
O aparelho digestivo se compõe de boca, em geral com uma rádula ou "língua"
quitinosa e áspera para ralar alimentos; esôfago e estômago, este último com um estilete
cristalino ou formação mucóide que mistura as partículas nutritivas; hepatopâncreas,
glândula que segrega enzimas digestivas; e intestino, que termina no ânus.
O sangue contém diferentes pigmentos que transportam o oxigênio do exterior
para os tecidos orgânicos. O coração vai desde uma simples invaginação do pericárdio,
nos escafópodes, até um órgão bem diferenciado, nos cefalópodes, nos quais é
inteiramente arterial e tem um ventrículo mediano e de duas a quatro aurículas. A
circulação, que é essencialmente lacunar nos moluscos inferiores, efetua-se por um
sistema completo de vasos, nos cefalópodes. Geralmente incolor com amebócitos, o
sangue pode ser também azulado, devido ao pigmento hemocianina, ou vermelho, cor que
resulta da hemoglobina, presente em aplacóforos, alguns bivalves e poucos gastrópodes.
O volume do sangue em bivalves e gastrópodes permite a manutenção da turgescência
das diversas partes do tegumento.
O sistema nervoso apresenta uma série de massas ganglionares, conectadas entre
si e com os gânglios cerebrais, as quais se incumbem de estimular a atividade de
diferentes partes do corpo. Nos polvos, a massa cerebróide adquire grande volume e os
capacita à aprendizagem de numerosas situações importantes à sobrevivência.
Paralelamente ao desenvolvimento cerebral, distinguem-se nos polvos olhos muito
complexos, formados de câmaras, que os dotam de notável visão, fato relacionado ao tipo
de vida eminentemente ativa e predadora desses cefalópodes.
A reprodução é sexuada e os sexos freqüentemente estão separados, à exceção de
alguns gastrópodes e bivalves, nos quais se registra hermafroditismo (cada indivíduo tem
ao mesmo tempo órgãos reprodutores femininos e masculinos). Os moluscos marinhos
apresentam um estágio larvar característico, a chamada larva trocófora, que tem aparência
cônica e é dotada de numerosos cílios, com os quais produz correntes na água para se
deslocar.
2.3.2 - ECOLOGIA DOS MOLUSCOS
Um número elevado de moluscos vive em meios marinhos, seja em grandes
profundidades, seja em áreas costeiras, e há também os que levam vida pelágica, como os
cefalópodes, e se deslocam livremente pelos oceanos. Outras espécies colonizaram meios
de água doce, como ocorre com certos bivalves -- entre eles os do gênero Unio -- e
gastrópodes, ou então se adaptaram a meios terrestres, como os caracóis e as lesmas.
Certos caracóis, como os dos gêneros Planorbis e Limnaea, se desenvolvem em águas
estanques, das quais emergem à superfície, de tempos em tempos, para respirar.
As plataformas continentais, zonas de menor profundidade que margeiam os
continentes, são um meio propício à proliferação de numerosas espécies. Algumas vivem
semi-enterradas na areia do fundo; outras se fixam às pedras do litoral e se mantêm a
descoberto quando baixa a maré; e muitas vivem em recifes de corais e se desenvolvem
por entre as colônias de celenterados.
Os hábitos de alimentação dos moluscos são variados. Muitos são herbívoros e se
nutrem de vegetais terrestres, como ocorre com os pulmonados, lesmas e caracóis, que
vagueiam à cata de comida por hortas e campos úmidos, ou de organismos aquáticos,
como ocorre com as lapas e os quítons, que ingerem algas. As lapas fixam-se às rochas
costeiras, graças à ação dos músculos do pé locomotor, e por elas podem se deslocar para
se alimentar das algas que eventualmente aí estejam aderidas.
Outras espécies de moluscos têm dietas carnívoras e são vorazes predadores,
como é o caso dos cefalópodes e de muitos gastrópodes marinhos. Entre esses se
encontram os múrices, que furam a concha dos bivalves mediante o uso de órgãos
perfuradores situados na parte anterior do pé; e os do gênero Conus, que secretam
substâncias tóxicas, com as quais paralisam as presas, que depois fisgam com estruturas
semelhantes a trombas. Entre os moluscos perfuradores se incluem ainda os do gênero
Teredo, também chamados ubiraçocas, que esburacam madeira, causando dano a
embarcações e a instalações portuárias, e os do gênero Lithophaga, que atacam rochas
calcárias ao lançarem sobre elas secreções ácidas.
2.3.3 - CLASSIFICAÇÃO
A maioria dos moluscos pertence a uma de três grandes classes: a dos
gastrópodes, que compreende os caracóis terrestres e marinhos; a dos bivalves, também
chamados de lamelibrânquios ou pelecípodes, com espécies representativas como as
ostras e os mexilhões; e a dos cefalópodes, que inclui principalmente polvos e lulas.
Gastrópodes. Os gastrópodes apresentam cabeça bem diferenciada, com
tentáculos tácteis e outros nos quais se dispõem os olhos. Têm o pé muito típico, grosso e
proeminente, sobre o qual se assenta a massa visceral, encerrada na concha. Devido à
formação da concha, os órgãos mais importantes do corpo experimentam um processo de
torção ou giro em relação ao eixo longitudinal, com o que o aparelho digestivo se curva e
o sistema nervoso sofre um cruzamento em seus cordões neurais. Nos organismos
marinhos, a respiração é branquial e nos de terra firme e de água doce, é pulmonar.
Quando o animal se acha em perigo, retrai o corpo e o esconde no interior da
concha, o que as formas terrestres também fazem ao entrarem em letargia para enfrentar o
inverno. Neste último caso, a abertura da concha é tapada com muco que se solidifica ao
secar, impedindo, assim, a perda de umidade. Certas espécies aperfeiçoaram ainda mais o
sistema e formam uma pequena placa calcária, em forma de disco, com a qual vedam
completamente a abertura.
A concha se dispõe em espiral, se bem que em determinadas espécies terrestres
ela tenha desaparecido de todo (lesmas vaginulídeas) ou se reduza a uma casca achatada,
fina e oculta sob o manto (lesmas limacídeas). Caramujos e caracóis se distinguem pelas
formas elaboradas e beleza de suas conchas. O primeiro nome, no Brasil, designa todos os
gastrópodes de água doce ou salgada, quer pulmonados, quer providos de brânquias,
enquanto o segundo se restringe aos pulmonados terrestres com concha fina e de
pequenas dimensões. Representantes dos dois grupos são extremamente comuns na fauna
brasileira. Citam-se entre os caramujos os aruás do gênero Ampullarius, os bulimos do
gênero Strophocheilus, o linguarudo (Lintricula auricularia), o preguari (Strombus
pugilis) e búzios como Cassis tuberosa. Entre os caracóis, sobressaem os dos gêneros
Bradybaena, Leptinaria e Subulina. Gastrópodes marinhos bem conhecidos no Brasil e
em várias partes do mundo são as lapas do gênero Patella, os múrices do gênero Murex, a
litorina (Littorina littorea), as porcelanas e chaves do gênero Cypraea.
Bivalves. Em sua maior parte, os bivalves -- ou pelecípodes -- são marinhos. Sua
concha se constitui de duas valvas que se fecham como tampas graças à contração dos
chamados músculos adutores; a articulação das valvas se processa mediante a charneira,
freqüentemente denteada, que as mantém unidas.
A respiração se efetua por meio de brânquias laminares, razão pela qual esses
animais também são conhecidos como lamelibrânquios. Tais lâminas, ao mesmo tempo,
filtram partículas alimentícias em suspensão na água. Algumas espécies, como as
amêijoas, dispõem de estruturas tubuliformes -- os sifões branquial e cloacal -- pelas
quais absorvem substâncias nutritivas e eliminam os resíduos oriundos da atividade
metabólica.
Entre os bivalves acham-se espécies muito utilizadas na alimentação humana,
entre elas o mexilhão da Europa (Mytilus edulis) e seus correspondentes brasileiros, os
mariscos conhecidos por nomes como sururu ou bacucu, a ostra (Ostrea edulis), a navalha
européia (Ensis ensis), a unha-de-velha alagoana (Tagelus gibbus) ou a famosa coquille
Saint-Jacques francesa (Pecten jacobeus), conhecida também como concha-de-romeiro.
Referência à parte merece a enorme Tridacna gigas do Pacífico, que alcança 1,30m e
cujas conchas foram usadas em igrejas antigas como pias batismais.
Cefalópodes. A classe dos cefalópodes congrega espécies habituais em alto-mar,
capazes de se deslocarem por propulsão, até mesmo em águas profundas, graças à forte
emissão de líquido através de um sifão. Cefalópodes como os polvos e lulas são dotados
de uma glândula produtora de tinta escura, que pode ser esguichada para turvar a água e
assim prejudicar a visão de seus eventuais predadores.
Algumas espécies, como os náutilos, possuem concha externa espiralada, ao passo
que em muitas outras, entre as quais os polvos, lulas e sépias, a concha tornou-se
vestigial, reduzida a uma pequena lâmina cartilaginosa ou coriácea no interior do corpo.
Traço característico dos cefalópodes desprovidos de concha é a presença de tentáculos
terminados em ventosas ao redor da cabeça, em número variável, mas na maioria das
vezes entre oito e dez. Animais como os polvos são por isso chamados de octópodes,
cabendo às lulas e sépias a designação de decápodes. Os argonautas configuram um grupo
à parte, por associarem a existência de tentáculos à de uma concha bem constituída,
embora fina e frágil, que serve entre outras coisas para a incubação de seus ovos.
Nas espécies do gênero Nautilus, que ocorrem sobretudo nos oceanos Índico e
Pacífico, a concha nacarada e de grande valor ornamental consiste de cerca de 36
câmaras, na última das quais o animal vive. Todas as câmaras se comunicam por um
tubo, o sifúnculo, pelo qual há uma intensa circulação de gases, para dentro e para fora
dos diversos compartimentos. Em decorrência disso, a concha funciona como uma bóia
ou órgão hidrostático, que facilita ao molusco a ascensão e a descida na água. Os náutilos
possuem também dezenas de pequeninos tentáculos contráteis, que utilizam para a
captura de camarões e outras presas de que se nutrem.
Outras classes. Os moluscos incluem também outras classes, com menor número
de espécies. Os monoplacóforos, como os do gênero Neopilina, são muito primitivos,
enquanto os escafópodes (gênero Dentalium) possuem concha de forma tubular. Na
classe dos anfineuros incluem-se os poliplacóforos (tipificados pelo gênero Chiton) e os
solenogastros (aplacóforos), semelhantes a vermes e sem concha, mas incluídos entre os
moluscos pelas características de seus estágios larvares.
Gastrópodes; Invertebrados; Lula; Mexilhão; Náutilo; Ostra; Polvo
3 - CONCLUSÃO
Conclui-se que a preservação da natureza é necessária,
levando em consideração o perigo que a destruição causa aos
menores animais, que a gente nem dá conta de que existe, mas que
os afeta em grande freqüência.
4 - BIBLIOGRAFIA
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Almanaque Abril 98
Almanaque Abril 97
Almanaque Abril 96
Almanaque Abril 94
Enciclopédia Digital
Enciclopédia Encarta
No Problem

Os alimentos


I. Os Alimentos
Por que nos alimentamos? Porque temos necessidade de todos os dias, diversas
vezes ao dia, ingerir certa quantidade.
Por que sentimos fome? Um indivíduo privado de alimento morre. Se ele se
alimenta mal, tem o seu desenvolvimento físico e mental prejudicado, pode ficar doente e, em
casos de sub-nutrição aguda, pode ser levado à morte prematuramente.
Precisamos de certa quantidade de alimentos todos os dias. Mas não devemos
preocupar apenas em “matar a fome”, isto é, com a quantidade de comida. Quantidades
adequadas podem, momentaneamente satisfazer a fome, mas um desenvolvimento normal,
harmonioso e sadio requer, também, que nos preocupemos com a quantidade dos alimentos.
Uma alimentação farta mas desprovida de proteínas ou de vitaminas e de sais
minerais, levará certamente, à perturbação orgânicas mais ou menos graves. É preciso, pois
saber escolher nossa alimentação, cuidando de torná-la o mais racional possível. Um
automóvel sem gasolina pára, ele precisa ser reabastecido continuamente, além de gasolina
ele precisa de óleo, de água ou ar para a refrigeração do motor, e as quantidades desses
“alimentos” variam de acordo com o trabalho que ele realiza, e a quantidade também. Por
exemplo: um motor muito usado precisa de um tipo de óleo mais grosso, um motor para
carros com alta velocidade precisa de óleos e gasolina especiais.
Assim também, o tipo de alimentação depende da idade do indivíduo (jovem, adulto
ou velho), da atividade que ele realiza todos os dias (trabalho braçal, trabalho intelectual,
atleta, etc.), e do clima em que vive (frio, temperado ou quente).
Alimentar-se é introduzir no organismo certas substâncias que se destinam a
compensar gastos necessários à atividade vital dos organismos, isto é, reparar as perdas,
produzir energia e regular o aproveitamento das outras substâncias alimentares.
II. Metabolismo
É o conjunto de fenômenos químico e físico-químico, mediante os quais se faz a
assimilação e a desassimilação das substâncias necessárias à vida, nos animais e nos vegetais.
É a mudança da natureza molecular dos corpos; conjunto de transformação química.
III. Tipos de Alimentos
Dependendo de sua finalidade no organismo, os alimentos podem ser classificados em
três tipos fundamentais: plásticos, energéticos e reguladores.
· Plásticos: são os que se destinam a formar o nosso organismo, promovendo
seu crescimento e a substituição das perdas que ele sofre. Os protídeos ou proteínas são
alimentos essencialmente plásticos.
· Energéticos: são os que fornecem a energia para a sua movimentação. Na
realidade, todos os alimentos são plásticos e energéticos ao mesmo tempo, embora uns sejam
mais plásticos do que energéticos ou vice-versa. Os glucídios representam pelo amido e pelos
açucares –também chamados de carbo-hidratos ou hidrato de carbono- são alimentos
energéticos por excelência.
· Reguladores: são os alimentos que atuam regulando as reações químicas que
ocorrem dentro das células ou no material intercelular. São responsáveis pelo funcionamento
harmônico do organismo. Entre eles estão as vitaminas e os sais minerais.
IV. Proteínas
Proteínas são substâncias orgânicas nitrogenadas, de elevado peso molecular,
compostas de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio (também chamado azoto), e, muitas
vezes, fósforo e enxofre. Encontram-se tanto no reino animal como no reino vegetal. São os
elementos essenciais de todas as células dos seres vivos. Constroem os organismos animais
formando os músculos, a pele, a cartilagem, parte dos ossos, tendões, unhas e cabelos, parte
do sangue, etc. Seus componentes são os aminoácidos.
Os tipos de proteínas variam no seu valor nutritivo de acordo com o seu conteúdo em
aminoácidos. Alguns exemplos de proteínas são: as proteínas do leite, as proteínas do ovo, a
proteína da soja, a proteína da castanha-do-pará.
Damos a seguir a porcentagem de proteínas contidas em alguns alimentos:
· Amendoim 23,7%
· Castanha-do-Pará 17%
· Feijão-mulatinho 22,6%
· Grão-de-Bico 16,5%
· Lentilha 25,7%
· Ovo (clara) 10,8%
· Soja 39,4%
· Castanha de caju 16,6%
· Ervilha 22,7%
· Feijão preto 23,8%
· Leite de vaca 3,5%
· Ovo (gema) 16,3%
· Pinhão 14,6
V. Carboidratos
Também chamados glicídios, esses alimentos caracterizam-se por serem energéticos.
São as principais fontes de energia do nosso organismo. Os carboidratos são o açúcar e o
amido. O açúcar pode ser de vários tipos: glicose proveniente da uva; frutose das frutas em
geral; sacarose, da cana; lactose, do leite, etc.
Podemos encontrar os carboidratos principalmente nos alimentos de origem vegetal,
pois, o açúcar e o amido são produtos da fotossíntese. Entre outros, são fontes de carboidratos
os seguintes alimentos: cana, leite, batata, aipim, trigo, arroz, etc.
VI. Lipídios
São os óleos e as gorduras. Sua função principal no organismo é fornecer energia.
Os alimentos que possuem lipídios podem ter origem animal ou vegetal.
Fontes de origem vegetal: óleo de soja, óleo de amendoim, óleo de algodão, azeite de
oliva e outros óleos vegetais.
VII. Vitaminas
São substâncias encontradas em pequenas quantidades nos diferentes alimentos, mas
sua importância é fundamental como reguladores de todo o mecanismo da nutrição. São
indispensáveis à vida e sua falta perturba todo o funcionamento orgânico. Foram chamados
pelos primeiros pesquisadores de Fator Vital, e, depois de Vitaminas (aminas da vida) por
Funck.
As necessidades diárias de um adulto são de aproximadamente 3 mg de Vitamina A, 6
mg de vitaminas do complexo B, 75 mg de vitaminas C e 0,01 mg de vitamina D.
A vitamina A é encontrada principalmente no óleo de fígado de bacalhau, leite e
derivados, ovos e hortaliças (cenoura, pimentão, tomate, alface, agrião, espinafre, etc.).
As vitaminas do complexo B são encontradas, principalmente no levedo de cereja,
verduras, frutas cítricas, banana, uvas, ameixas, pão completo, cenoura, tomate, etc.
O quadro abaixo mostra, as vitaminas suas funções, as fontes, e os efeitos de sua
carência:
VITAMINAS FUNÇÕES PRINCIPAIS EFEITOS DA
CARÊNCIA
FONTES PRINCIPAIS
Vitamina A - proteger os epitélios;
- interferir no processo de
crescimento, formação da
dentição e da ossificação.
- ressecamento da pele, em
especial a mucosa dos
olhos;
- perda da capacidade dos
olhos de adaptarem-se à
penumbra.
- leite e derivados;
- gema de ovo;
- fígado de certos animais;
- cenoura;
- ervilha;
- batata-doce;
- espinafre.
Vitamina B1 - colaborar no bom
funcionamento do sistema
nervoso;
- desempenhar um papel
essencial na transformação
dos açucares em energia.
- diminuição do apetite;
- distúrbios
gastrintestinais;
- debilidade geral;
- alteração nos membros,
causando a paralisia dos
braços e pernas;
- nervosismo, fadiga,
depressão, irritabilidade e
distúrbios de
comportamento e de
memória.
- arroz com casca;
- verduras;
- feijão;
- lentilha;
- ervilha;
- leite e derivados;
- carnes;
- ovos.
Vitamina B2 - auxiliar no processo
respiratório das células,
intervindo no processo de
utilização dos açucares e das
proteínas para os tecidos.
- alterações nos lábios, na
boca, bem como nos olhos
e em outras partes do
corpo.
- ovos;
- fígado;
- rins;
- leite e derivados;
- verduras.
Vitamina B12 - intervir na formação dos
glóbulos vermelhos e
brancos do sangue.
- anemia perniciosa
bastante grave;
- distúrbios nervosos.
- fígado;
- rins;
- leite e derivados;
- carnes e peixes.
Vitamina C - colaborar na formação do
tecido conjuntivo;
- auxiliar no processo de
reparação dos tecidos
inclusive na cicatrização de
ferimentos.
- escorbuto, que se
caracteriza por
hemorragias
principalmente nas
gengivas e nos lábios;
- deficiência na formação
dos dentes e dos ossos.
- fígado;
- frutas cruas
principalmente cítricas;
- limão;
- caju, acerola;
- legumes crus;
- tomate.
Vitamina D - participar da fixação do
cálcio e do fósforo (sais
minerais), durante o
crescimento ósseo e a
formação dos genes.
- raquitismo, que consiste
na deformação óssea em
crianças.
- óleo de fígado de
bacalhau;
- gema de ovo;
- leite e derivados;
- vida ao ar livre, pois os
raios ultravioletas do sol
estimulam a pele a
produzi-la.
Vitamina k - interferir no mecanismo de
coagulação do sangue (por
isso é administrada
preventivamente no préoperatório.
- hemorragias externas e
internas.
- legumes;
- verduras.
VIII. Sais Minerais.
Os sais minerais não têm origem nem animal nem vegetal. Estão divididos em dois
tipos: água e sais minerais.
Os sais minerais são alimentos importantes na formação dos ossos, dentes, etc.
Servem também para regular diversas funções do organismo, como as do sistema nervoso.
São, portanto, alimentos reguladores.
Podemos encontrar os sais na maioria dos alimentos de origem animal e vegetal – os
alimentos orgânicos: ovos, manteiga, fígado, verduras, etc.
Entre os principais sais minerais, podemos apontar os seguintes:
· Carbonato de cálcio e fosfato de cálcio: indispensáveis na formação dos
ossos;
· Cloreto de sódio e de potássio: que servem para a formação e o
funcionamento dos nervos.
· Sais de ferro: importante na formação dos glóbulos vermelhos do sangue.
IX. Importância da Água
A Água é um alimento indispensável, pois é um dos mais importantes componentes na
matéria viva. No citoplasma de todas as células, no plasma sanguíneo, na linfa, nos sucos
digestivos, no líquido lacrimal, na saliva, na bile, a água é o principal componente, de tal sorte
que 60% do peso de um adulto é representado pela água. Pelo seu papel como dissolvente, a
água favorece a ação dos sucos digestivos, assegura a passagem das substâncias nutritivas do
intestino para a corrente circulatória e possibilita a eliminação, para fora do organismo, das
substâncias em excesso ou nocivas.
Ela é, em si mesma, um alimento pelos sais minerais nela dissolvidos, pois sabemos
que a água potável deve conter cerca de 3 centigramas de sais minerais em cada litro.
Em condições normais precisamos ingerir cerca de dois litros e meio de água por dia,
principalmente sob a forma natural (de preferência filtrada) ou contida em outros, como
sucos, refrescos, sorvete, refrigerantes, sopas, leites, café, etc., ou ainda, batata (70% de água)
carne (60%), legumes (50 a 60%), pão (40%), etc.
Essa quantidade diária de água que precisamos ingerir (cerca de 2500g) compensará
as perdas de água também diárias que sofre o nosso corpo e que são de aproximadamente
1400g, eliminadas com a urina, 600g sob a forma de vapor d’água, eliminada durante a
respiração, 400g pelas glândulas sudoríparas e 100g juntamente com as fezes.
Além disso, a água participa do mecanismo termo-regulador (que regula a temperatura
do corpo) ao ser lançada na superfície cutânea sob a forma de suor e que, pela evaporação,
retira do corpo e excesso de calor.
X. Os Bons Hábitos Alimentares
A manutenção da saúde depende em grande parte da alimentação. Veja o que se deve
fazer para ter uma alimentação adequada e saudável:
· Escolher bem os alimentos. Carne, leite, ovos, vegetais e frutas são
indispensáveis ao nosso organismo.
· Dar preferência aos produtos naturais. Quando não for possível evitar os
alimentos industrializados, deve-se comer uma quantidade bem pequena e não repeti-los por
dias seguidos.
· Verificar se os produtos -naturais ou industrializados- estão em bom estado de
conservação:
- ao comprar enlatados, tome cuidado: as latas não devem estar enferrujadas nem
amassadas, o rótulo deve ser novo e as tampas não podem estar estufadas; se isso acontecer, a
conserva está estragada e pode provocar graves intoxicações;
- a carne deve ser vermelha e ter bom aspecto, os miúdos também devem ter cor
natural, não escurecida, e consistência firme;
- o peixe pode ser fresco ou congelado, mas é preciso observar bem seu aspecto; se as
guelras estiverem vermelhas, o peixe está bom, se estiverem escuras, não compre; olhos
brilhantes e escamas firmes são indícios de peixe fresco;
- cascas de frutas e verduras podem conter uma camada de inseticida: o pó branco que
às vezes recobre os figos e as uvas, por exemplo, é inseticida; mas o resíduo pode não ser
visível, é melhor comer as frutas sem casca ou no mínimo, lavá-las muito bem.
· Prepara bem os alimentos, para que se tornem apetitosos, facilitando a secreção
de substâncias digestivas, como a saliva.
· Comer devagar, os alimentos mal mastigados não podem ser bem digeridos.
· Manter um ambiente tranqüilo durante as refeições.
· Lavar bem as mãos antes das refeições.
· Lavar com sabão e água corrente todos os utensílios domésticos –garfos, facas,
colheres, pratos, bandejas, panelas, etc-.
· Só tomar leite pasteurizado ou fervido.
· Não comer carne mal cozida ou mal assada, pois pode conter larvas de
parasitas como, por exemplo, a tênia.
· Evitar alimentos com excesso de tempero, como pimenta, alho, vinagre, etc.
· Comer em horas regulares e não sobrecarregar o estômago com excesso de
comida.
· Não submeter os dentes a mudanças rápidas de temperaturas, por exemplo,
depois de tomar sopa ou café quentes, não ingerir bebida gelada, pois isso pode provocar
quebra de esmalte dos dentes.
· Escovar os dentes após as refeições.
XI. A Importância da Conservação dos Alimentos
Você sabe porque um alimento colocado na geladeira leva mais tempo para se estragar
do que os que ficam guardados no armário?
A explicação é simples, o alimento se estraga quando entra em contato com
microrganismos que decompõem. Os microrganismos estão presentes no ar. Se eles
encontram alimento, água líquida e temperatura adequada, multiplicam-se rapidamente, sem
água eles não sobrevivem. Em temperaturas desfavoráveis, também não.
Ora, na geladeira o alimento mantém-se numa temperatura baixa demais para que os
microrganismos se multipliquem. Por isso, ele se cansa por mais tempo do que se estivesse
em temperatura ambiente. Se o alimento for congelado, então. Sua conservação será muito
maior, pois além da baixa temperatura, não há água líquida, sem a qual nenhum organismo
sobrevive.
Como você pode notar, as condições em que o alimento é armazenado são
fundamentais para a sua preservação.
XII. Os Métodos de Conservação dos Alimentos
-Conservação pelo calor: pode ser feita por três processos diferentes.
· Pasteurização: os alimentos são aquecidos a temperatura entre 65 e 80º. Nesse
caso, não há necessidade de acrescentar substâncias conservadoras. O leite é um exemplo
disso.
· Esterilização: os alimentos são cozidos a uma temperatura acima de 120º, em
ambientes fechados e a vácuo (na ausência de ar), destruindo-se assim os germes.
· Tindalização: os alimentos são aquecidos a temperatura entre 60 e 90º,
seguida a resfriamentos bruscos.
-Conservação pelo frio: pode ser obtida através de dois processos.
· Refrigeração: consiste no esfriamento dos alimentos temporariamente, à
temperatura de 0ºC. É o processo caseiro, feito através da geladeira.
· Congelamento: consiste em esfriar os alimentos a temperaturas próximas de
-30ºC. A carne congelada é um exemplo. Também pode ser um processo caseiro feito através
do freezer.
Bibliografia:
· CRUZ, Daniel: Ciências e Educação Ambiental. Ed. Ática.
· BALBACH, Alfons: As Hortaliças na Medicina Doméstica; 10ª Edição, Ed.
Edel.
· MELLO, A da Silva: Alimentação Instinto Cultura; 3ªEdição; Livraria José
Olímpio editora.

HIV/AIDS


Qual a origem da epidemia de HIV/AIDS ?
A Sindrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida em meados
de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de
pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São
Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por
Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune. Todos estes
fatos convergiram para a inferência de que se tratava de uma nova doença,
ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e
transmissível. Em 1983 o agente etimológico foi identificado: tratava-se
de um retrovírus humano, atualmente denominado vírus da Imunodeficiência
humana, HIV-1, que anteriormente foi denominado LAV e HTLV-III. Em 1986
foi identificado um segundo agente etimológico, também retrovírus,
estreitamente relacionado ao HIV-1, denominado HIV-2. Embora não se saiba
ao certo qual a origem dos HIV-1 e 2 sabe-se que uma grande família de
retrovírus relacionados a eles está presente em primatas não-humanos na
África sub-Sahariana. Todos os membros desta família de retrovírus
possuem estrutura genômica semelhante, apresentando homologia em torno de
50%. Além disso todos têm a capacidade de infectar linfócitos através do
receptor CD4. Aparentemente o HIV-1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem
há várias décadas. O HIV-1 tem se mostrado mais virulento do que o HIV-2.
numerosos retrovírus de primatas não-humanos encontrados na África têm
mostrado grande similaridade com o HIV-1 e com o HIV-2. O vírus da
Imunodeficiência símia (SIV) presente com muita freqüência nos macacos
verdes africanos é muito próximo ao HIV-2, sugerindo que ambos evoluíram
de uma origem comum. Por estes fatos supõe-se que o HIV tenha origem
geográfica africana e que sua disseminação se deve às características da
sociedade contemporânea.
Quais as formas de transmissão do HIV?
As principais formas de transmissão do HIV são: sexual, por relações homo
e heterossexuais; sangüínea, em receptores de sangue ou hemoderivados e
em UDIV; e perinatal, abrangendo a transmissão da mãe para o filho
durante a gestação, parto ou por aleitamento materno. Além destas formas
mais freqüentes há também a transmissão ocupacional, por acidente de
trabalho em profissionais da área da saúde que sofrem ferimentos pérfurocortantes
contaminados com sangue de pacientes com
infecção pelo HIV e, finalmente, há oito casos descritos na literatura de
transmissão intradomiciliar nos quais não houve contato sexual nem
exposição sangüínea pelas vias classicamente descritas.
A principal forma de exposição no mundo todo é a sexual, sendo que a
transmissão heterossexual através de relações sem o uso de preservativo é
considerada, pela OMS, como a mais freqüente do ponto de vista global. Na
África sub-Sahariana é a principal forma de transmissão. Nos países
desenvolvidos a exposição ao HIV por relações homossexuais ainda é a
responsável pelo maior número de casos, embora as relações heterossexuais
estejam aumentando de importância na dinâmica da epidemia. Os fatores que
aumentam o risco de transmissão do HIV numa relação heterossexual são:
alta viremia ou Imunodeficiência avançada; relação anal receptiva;
relação sexual durante a menstruação; e concomitância de doenças
sexualmente transmitidas, principalmente das ulcerativas. Sabe-se hoje
que as úlceras resultantes de infecções como cancróide, sífilis, e herpes
simples amplificam a transmissão do HIV.
A transmissão sangüínea associada ao uso de drogas IV é um meio muito
eficaz de transmissão do HIV devido ao uso compartilhado de seringas e
agulhas. Esta forma tem importância crescente em várias partes do mundo,
como na Ásia, América Latina e no Caribe. Nos países industrializados
também tem sido crescente a transmissão pelo uso de drogas IV, sendo que
em alguns países como na Espanha já é a primeira causa de exposição ao
HIV.
A transmissão através da transfusão de sangue e derivados tem apresentado
importância decrescente nos países industrializados e naqueles que
adotaram medidas de controle da qualidade do sangue utilizado, como é o
caso do Brasil. A utilização de seringas e agulhas não descartáveis e não
esterilizadas foi responsável por muitos casos no mundo todo, sendo que o
episódio mais dramático ocorreu na Romênia, causando verdadeira epidemia
de AIDS pediátrica.
A transmissão perinatal, decorrente da exposição da criança durante a
gestação, parto ou aleitamento materno vem aumentando devido à maior
transmissão heterossexual. Na África são encontradas as maiores taxas
desta forma de infecção pelo HIV, de 30 a 40%, enquanto em outras partes
do mundo, como na América do Norte e Europa se situam em tomo de 15 a
29%. Os motivos desta diferença devem-se ao fato de que naquele
continente a transmissão heterossexual é mais intensa e também ao
aleitamento materno, muito mais freqüente do que nos países
industrializados.
A transmissão ocupacional ocorre quando profissionais da área da saúde
sofrem ferimentos pérfuro-cortantes contaminados com sangue de pacientes
soropositivos para o HIV. Estima-se que o risco de contrair o HIV após
uma exposição percutânea a sangue contaminado seja de aproximadamente
O,3%. Os fatores de risco já identificados como favorecedores deste tipo
de contaminação são: a profundidade e extensão do ferimento a presença de
sangue contaminante visível no instrumento que produziu o ferimento o
procedimento que resultou na exposição envolver agulha colocada
diretamente na veia ou artéria de paciente HIV+; e, finalmente, o
paciente fonte da infecção ser terminal. O uso da zidovudina após a
exposição aparentemente reduz a chance de transmissão do HIV.
Nos casos intradomiciliares relatados, a transmissão foi atribuída, em
seis pacientes, ao contato com sangue do paciente fonte. Em um caso a
contaminação se deu após contato repetido com excretas e em um caso não
foi estabelecida a via de infecção. A possibilidade deste tipo de
transmissão implica na orientação rigorosa dos contatantes
intradomiciliares quanto aos cuidados e precauções necessários no
manuseio adequado de materiais contaminados com sangue, secreções e
excretas e também quanto ao descarte de materiais pérfuro-cortantes em
recipientes rígidos, além da necessidade de manutenção de hábitos de
higiene.
É certo que a transmissão por contato casual não ocorre?
Os meios alternativos de transmissão propostos incluem contato
interpessoal não-sexual e não-percutâneo, também referido como contato
casual, vetores artrópodes, fontes ambientais (aerossóis por exemplo) e
objetos inanimados (fômites), além de instalações sanitárias.
Até o momento não foi possível evidenciar com segurança nenhum caso de
infecção por HIV adquirido por qualquer destas vias teóricas de
transmissão.
A investigação de 956 indivíduos co-habitantes de pacientes com AIDS, que
freqüentemente compartilhavam objetos como copos, talheres, pratos,
cortadores de unhas, pentes, toalhas, roupas, e facilidades domésticas
como cozinha e banheiro; e referiam contato íntimo e freqüente incluindo
beijos, abraços e cuidados de enfermagem não evidenciou nenhuma
soroconversão resultante destas atividades.
Vale ressaltar que há seis casos descritos na literatura em que a
soroconversão foi atribuída aos contatos intradomiciliares como citado na
questão 5 (seção 1).
Há raros relatos anedóticos de hipotética transmissão horizontal do HIV,
porém estes não resistem a uma análise mais cuidadosa e as evidências são
insuficientes para caracterizar formas não-tradicionais de transmissão.
Dados laboratoriais e epidemiológicos não provêm qualquer suporte à
possibilidade teórica de transmissão por artrópodes atuando como vetores
biológicos ou mecânicos. Não foi possível evidenciar qualquer
multiplicação do HIV em artrópodes após inoculação intraabdominal,
intratorácica ou após repasto de sangue infectado. Outros estudos
mostraram ausência de replicação do HIV em linhagens celulares derivadas
de artrópodes.
Estudos epidemiológicos nos Estados Unidos, Haiti e África Central não
mostraram qualquer evidência de transmissão por vetores.
Conclui-se que formas alternativas de transmissão são altamente
improváveis e que a experiência cumulativa é suficientemente ampla para
se assegurar enfaticamente que não há qualquer justificativa para
restringir a participação de indivíduos infectados de seus ambientes
domésticos, escolares ou profissionais.
Os dados disponíveis permitem aos profissionais de saúde assegurar suas
comunidades de que não há ameaça neste sentido.
Fabrício Fernandes Pinheiro
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BIBLIOTECA VIRTUAL
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sexta-feira, 2 de julho de 2010

aborto


Abortamento ou Aborto
Interrupção da gravidez antes que o feto alcance a fase da viabilidade.
Pode ser espontâneo ou provocado.
Ao longo do tempo e principalmente em fins do século XX, declinou a
incidência do abortamento em sua forma espontânea, ao mesmo
tempo em que a descriminalização do abortamento provocado era um
dos problemas que maiores controvérsias provocavam em muitos
países. Em lugar de abortamento, é comum o uso do termo aborto,
que, a rigor, designa o próprio feto morto em conseqüência de sua
expulsão do útero.
Abortamento é a interrupção da gravidez antes que o feto se torne
viável, ou seja, antes que tenha condições de vida extra-uterina. A
viabilidade é usualmente definida em termos de duração de gravidez
e/ou peso do feto. Tradicionalmente, considerava-se que ocorria
abortamento quando o feto era expulso com menos de 28 semanas de
gestação e pesando menos de um quilo. Só além desses limites
haveria nascimento prematuro. No entanto, os avanços científicos
reduziram progressivamente esses limites, em particular mediante o
aperfeiçoamento dos métodos de tratamento intensivo dos
prematuros.
Uma das grandes conquistas da medicina moderna é a drástica
redução nos índices de abortamento espontâneo, graças sobretudo a
uma política preventiva. A instituição do acompanhamento pré-natal,
em que periodicamente se avaliam aspectos da saúde da mãe,
importantes para o desenvolvimento do feto, tem papel central nessa
política. O pré-natal abrange também recomendações dietéticas,
exercícios físicos e todo um trabalho de esclarecimento e apoio
emocional à gestante.
Do ponto de vista de sua causa, classifica-se o abortamento em dois
tipos principais: espontâneo e provocado. Entende-se por espontâneo
o abortamento ocorrido em conseqüência de causas naturais. Quando
resulta de ato deliberado da própria gestante ou de outra pessoa, dizse
provocado.
Abortamento espontâneo. São numerosas as causas ditas naturais do
abortamento. Uma delas é a implantação do óvulo fecundado em
pontos anormais do corpo da mulher. É o que ocorre na gravidez
ectópica -- tubária (ou falopiana), ovariana, abdominal e cervical. No
primeiro caso, o óvulo implanta-se na trompa; no segundo, dentro de
um folículo (pequena cavidade) ovariano; no terceiro, na cavidade
peritoneal; no último, no canal cervical. É muito raro a implantação
ocorrer inicialmente na cavidade peritoneal. Mais comumente, verificase
uma implantação original tubária a que se segue ruptura de tecido e
posterior implantação abdominal.
O abortamento espontâneo pode decorrer também de fatores
genéticos. Sua influência foi comprovada mediante estudos
cromossômicos de tecidos embrionários, que indicaram alterações
incompatíveis com o desenvolvimento intra-uterino normal. Tais
fatores podem ser transmitidos quer pelo pai quer pela mãe e podem
explicar casos do chamado aborto habitual, caracterizado pela
ocorrência de três ou mais abortamentos espontâneos consecutivos
em uma mulher.
Os principais sintomas do abortamento espontâneo são dores no
baixo ventre e perda de sangue. As dores são causadas pelas
contrações com que o organismo tenta expulsar o óvulo. Ao fim do
processo, essas dores tornam-se cólicas fortes. A intensidade da
hemorragia depende da extensão da superfície de descolamento
provocado na parede do útero.
A morte do feto pode ser causada igualmente por doenças infecciosas
contraídas pela mãe. Caso típico é o da rubéola, que aumenta as
probabilidades de abortamento espontâneo e pode causar
malformações congênitas na criança. Por essa razão, alguns médicos
recomendam o abortamento provocado quando a mãe contrai rubéola.
Fatores químicos também podem causar ou contribuir para o
abortamento espontâneo. As substâncias químicas ingeridas pela
mãe, seja com medicamentos ou sob outras formas, podem passar
para o feto através da placenta. Algumas dessas substâncias causam
malformações ou morte do feto. Um exemplo dramático foi o da
talidomida, droga hipnótica muito usada na década de 1960; se
tomada pela mãe no início da gravidez, podia causar focomelia e
outras malformações. A focomelia é o desenvolvimento defeituoso dos
braços ou pernas, ou ambos, de modo que pés e mãos ficam ligados
ao corpo da criança, lembrando barbatanas de foca.
Outro risco reside nas radiações, inclusive os raios X, que podem
causar morte ou alterações do feto. Embora não haja registro de
abortamentos resultantes do uso dos raios X como instrumento de
diagnóstico, seus efeitos nocivos potenciais contribuem para explicar a
rápida popularização da ultra-sonografia. Essa técnica permite formar
imagens do interior do corpo com o emprego de sons com freqüência
superior a vinte mil hertz. São relativamente raros os casos
constatados de abortamento em conseqüência de acidentes, como
quedas, que provoquem traumatismos. O corpo da mulher protege
muito bem o feto contra choques e são comuns os casos de crianças
que nascem ilesas de mães que foram vítimas de acidentes graves
durante a gravidez.
Abortamento provocado. A forma de encarar o abortamento provocado
variou muito ao longo do tempo e de cultura para cultura e essas
diferentes atitudes se refletiram em tratamentos jurídicos igualmente
variados. Na antiguidade, registraram-se ordenamentos jurídicos
indiferentes a essa questão, outros que puniam danos causados à
gestante por terceiros quando estes lhe provocavam abortamento,
sem no entanto punir o próprio abortamento, e ainda os que puniam
quem provocava abortamento, por privar o pai da descendência de
seu interesse -- também nesse caso sem punir o próprio abortamento.
O cristianismo, que equiparou o feto ao ser humano, inspirou
legislações radicalmente contrárias ao abortamento. Algumas
chegaram a equipará-lo ao homicídio. Foi este o entendimento de
alguns estados americanos em relação ao abortamento do feto viável,
entendido como aquele que, a critério do médico encarregado do
caso, tivesse razoável probabilidade de sobrevivência extra-uterina,
com ou sem ajuda de recursos artificiais. Originadas sob inspiração
cristã, as legislações contrárias ao abortamento sempre contaram com
o apoio de diferentes igrejas, que se opuseram tenazmente a todas as
tentativas de legalizá-lo.
A proibição do abortamento teve suas exceções. Uma delas foi o
chamado abortamento terapêutico, que é aquele recomendado por
médicos como recurso extremo para salvar a vida da mãe. Na prática,
tornou-se caso raro. Uma variedade do abortamento terapêutico,
também conhecida como abortamento eugênico, é a que visa
inviabilizar feto com alta probabilidade de apresentar defeitos
congênitos. Isso ocorre, por exemplo, quando a mãe contrai
determinadas infecções ou ingere certos tipos de substâncias.
A vasta transformação das idéias e dos costumes que se operou na
segunda metade do século XX em grande parte do mundo,
principalmente o industrializado, levou a novas posturas, baseadas no
entendimento de que a mulher tem o direito de controlar o próprio
corpo e, portanto, deveria ser livre para decidir a interrupção da
gravidez. Esta posição, relacionada com as lutas das mulheres por
seus direitos, veio a prevalecer em várias legislações.
Outro argumento em favor da legalização do abortamento eram os
riscos a que se expunham as mulheres, à mercê de profissionais mal
preparados e clínicas clandestinas, que operavam à margem dos
controles das autoridades sanitárias. Esse problema era
particularmente grave entre as populações de menores recursos, com
índices alarmantes de mortes em conseqüência de abortamento.
Como toda intervenção cirúrgica, o abortamento, praticado em
condições deficientes, às vezes acarreta vários problemas. O mais
grave é a perfuração uterina, que pode causar peritonite (inflamação
do peritônio, membrana que reveste o abdome) e morte. Outro risco
grave é a hemorragia profusa, capaz de causar choque. E, finalmente,
há uma série de infecções que, a depender das circunstâncias, podem
se revelar graves e até mortais.
Em mulher suscetível, a interrupção da gravidez pode precipitar uma
reação psiconeurótica ou mesmo psicótica grave. Para alguns
psiquiatras, cada aborto é uma experiência carregada de riscos sérios
para a saúde mental. A Igreja Católica sempre se colocou
radicalmente contra a prática do abortamento, mesmo nos casos
chamados terapêuticos, e a moderna doutrina católica considera que é
por ocasião da fecundação que o novo ser adquire vida (alma).
Direito brasileiro. O código penal do Brasil prevê seis tipos de
abortamento: o autoprovocado; o consentido; o provocado por terceiro
sem consentimento da gestante; idem com o consentimento; o
qualificado; e o legal.
No abortamento autoprovocado, que é punível, tem de estar presente
o dolo. No consentido, a gestante não o pratica em si mesma, mas
consente que outrem o faça; aquele que provoca o abortamento
responde por pena mais severa que a da gestante e a pena para esta,
em ambos os casos, é de detenção de um a três anos, cabendo ao júri
o julgamento.
O abortamento provocado por terceiro, sem consentimento da
gestante, comporta duas formas: não-concordância real, onde há
violência grave, ameaça ou fraude e não-concordância presumida,
caso da menor de 14 anos, alienada ou débil mental. A pena para o
agente provocador é a de reclusão de três a dez anos. No caso de
haver consentimento na prática do aborto, responde a gestante por
crime previsto no crime de auto-abortamento, enquanto que o terceiro
será punido com a pena de reclusão de um a quatro anos.
O abortamento qualificado é aquele de que resulte morte ou lesão. A
pena é aumentada de um terço, se a lesão for grave, ou duplicada, se
resultar a morte. O abortamento legal comporta duas formas: o
terapêutico e o sentimental, ético ou humanitário, quando a gravidez
resulta de estupro. Em ambos os casos, é impunível.

Aberrações Cromossomos


Você já ouviu falar em Síndrome de Down? E em "Mongolismo"?
Síndrome de Down e "Mongolismo" são a mesma coisa. Como o termo "Mongolismo" é pejorativo, e por isso inadequado,
passou-se a usar Síndrome de Down ou Trissomia.
Todas as pessoas estão sujeitas a ter um filho com Síndrome de Down, independente da raça ou condição sócio-econômica.
No Brasil, acredita-se que ocorra um caso em cada 600 nascimentos, isso quer dizer que nascem cerca de 8 mil bebês com
Síndrome de Down por ano.
Diferente do que muitas pessoas pensam, a Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma alteração genética que
ocorre por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez.
O que é uma Alteração Genética?
Todos os seres humanos são formados por células. Essas células possuem em sua parte central um conjunto de pequeninas
estruturas que determinam as características de cada um, como: cor de cabelo, cor da pele, altura etc.. Essas estruturas são
denominadas cromossomos.
O número de cromossomos presente nas células de uma pessoa é 46 (23 do pai e 23 da mãe), e estes se dispõem em pares,
formando 23 pares. No caso da Síndrome de Down, ocorre um erro na distribuição e, ao invés de 46, as células recebem 47
cromossomos. O elemento extra fica unido ao par número 21. Daí também, o nome de Trissomia do 21. Ela foi identificada
pela primeira vez pelo geneticista francês Jérôme Lejeune em 1958.
O Dr. Lejeune dedicou a sua vida à pesquisa genética visando melhorar a qualidade de vida dos portadores da Trissomia do
21.
Existem 3 tipos de trissomia 21, detectadas por um exame chamado cariótipo. São eles:
· trissomia 21 simples (ou padrão): a pessoa possui 47 cromossomos em todas as células (ocorre em 95% dos casos
de Síndrome de Down).
· mosaico: a alteração genética compromete apenas parte das células, ou seja, algumas células têm 47 e outras 46
cromossomos (2% dos casos de Síndrome de Down).
· translocação: o cromossomo extra do par 21 fica "grudado" em outro cromossomo. Nese caso embora indivíduo
tenha 46 cromossomos, ele é portador da Síndrome de Down (cerca de 3% dos casos de Síndrome de Down).
·
É importante saber, que no caso da Síndrome de Down por translocação, os pais devem submeter-se a um exame genético,
pois eles podem ser portadores da translocação e têm grandes chances de ter outro filho com Síndrome de Down.
Ainda não se conhece a causa dessa alteração genética, sabe-se que não existe responsabilidade do pai ou da mãe para que
ela ocorra. Sabe-se também que problemas ocorridos durante a gravidez como fortes emoções, quedas, uso de
medicamentos ou drogas não são causadores da Síndrome de Down, pois esta já está presente logo na união do
espermatozóide (célula do pai) com o óvulo (célula da mãe).
Quais as características mais comuns nas pessoas com Síndrome de
Down?
Os indivíduos com Síndrome de Down apresentam certos traços típicos, como: cabelo liso e fino, olhos com linha
ascendente e dobras da pele nos cantos internos (semelhantes aos orientais), nariz pequeno e um pouco "achatado", rosto
redondo, orelhas pequenas, baixa estatura, pescoço curto e grosso, flacidez muscular, mãos pequenas com dedos curtos,
prega palmar única.
A partir destas características é que o médico levanta a hipótese de que o bebê tenha Síndrome de Down, e pede o exame
do cariótipo (estudo de cromossomos) que confirma ou não a Síndrome.
A criança com Síndrome de Down tem desenvolvimento mais lento do que as outras crianças. Isto não pode ser
determinado ao nascimento. Precisa de um trabalho de estimulação desde que nasce para poder desenvolver todo seu
potencial.
Aspectos Clínicos da Síndrome de Down - Uma
Revisão
(Palestra proferida no II Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down )
Por Zan Mustacchi
Hospital Infantil Darcy Vargas - São Paulo/SP
Vários foram os protocolos sugeridos para o acompanhamento clínico do portador de Síndrome de Down, dentre estes, o
protocolo de atendimento dos portadores de Síndrome de Down configurado pela experiência clínica em São Paulo foi
definido com a união das propostas de Brasília e São Paulo pelo Dr. Dennis Alexander Burns e Dr. Zan Mustacchi na
suspeita clínica:
· Ecocardiograma com eletrocardiograma;
· Raio X de tórax;
· TSH, T3 e T4;
· Ultrasson de abdomen global;
· Ultrasson de sistema nervoso central;
· Fundo de olho;
· B.E.R.A (Audiometria de Tronco Cerebral);
· Eventual Avaliação com especialistas;
· Iniciar estimulação precoce.
Durante o primeiro ano:
· Colher cariótipo;
· Investigar orgãos neurosensoriais, oftalmológos e otorrinolaringológicos;
· Urina tipo I;
· Hemograma com plaquetas;
· Ca, P e fosfatase alcalina;
· Imunização complementar;
· Rever avaliação com: Cardiologista, Neurologista, Ortopedista e Endocrinologista se necessário.
a)Atraso do desenvolvimento pré e pós natal, com peso e estatura geralmente baixos ao nascer. Em relação ao
desenvolvimento pós-natal, o atraso é mais evidente a partir do sexto mês de vida (Mustacchi, 1995, Selikowitz, 1990,
Pueschel, 1995);
b)Baixa estatura; a altura média dos adultos afetados é de 154 cm para homens e 144 cm para mulheres, chegando a atingir
estatura de 1,75 m, notando-se atualmente estaturas progressivamente maiores;
c)Frouxidão ligamentar;
d)Hipotonia muscular: classicamente é descrita na literatura, a hipotonia dos músculos esqueléticos estriados no grupo
Down, relacionada ao retardo no desenvolvimento motor e às hérnias umbilicais e inguinais, além das diástases dos
músculos retos abdominais. O mesmo tipo de repercussão ocorre nos aparelhos que representam musculatura lisa diminui o
potencial bronco-espástico, determinando a menor frequência de asma brônquica na SD. É nessa musculatura que se apoia
o eptélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado, que vibra, produzindo o movimento do muco gerado pelas células
caliciformes. O muco tem funções de umidificação, filtro, aquecimento e defesa imunológica. Uma provável diminuição
das vibrações ciliares pode decorrer da hipotonia da musculatura lisa, caracterizando uma alteração inter-relação do
conjunto epitélio respiratório e sua musculatura, favorecendo um acúmulo de secreção, e produzindo meio adequado, por
estase, para a proliferação bacteriana (Mustacchi e Rozone, 1990).
Há evidências de casos de hiplopasia pulmonar, hipertensão pulmonar, com ou sem CPCg e apnéia de sono; esta última
podendo estar vinculada a um maciso-facial hiplopásico (Fisher-Brandies; 1988) incluindo estenose de coana, hipoplasia
mandibular, alterações das dimensões da cavidade oral e pseudomacroglossia com hiperplasia do sistema linfóide e a
hipotonia laringo-faringeana, comumente contribui para este tipo de comprometimento. Estes fatores quando associados a
infecções sofrem repercussões das alterações imunitárias (Lockitch, 1989), tais como deficiência tímica, diminuição de
células T (Levin, 1975), disfusões de células "Killer", deficiência dos subclones de IgG (Avanzini, 1988), diminuição de
células fagocíticas quimioluminescentes com um comprometimento envolvendo o zinco (Locktich, 1989), baixa resposta à
antígenos polissacarídicos (nurmi, 1982), diminuição da produção da interleucina 2 e alteração das moléculas de adesão
(O'Sullivan, 1994).
Aspectos Específicos em Síndrome de Down:
· Sistema Cardíaco - Em 1894 Garrod (apud Marino, 1992) fea a primeira descrição de CPCg em um cromossomo
portador de Síndrome de Down. Uma em cada vinte crianças que nascem com defeito cardíaco tem trissomia do
cromossomo 21, comparado com 0,3 % do evento em crianças sem cromossomopatia. A mal formação
cardiovascular encontra-se presente em cerca de 40% das crianças afetadas com esta síndrome. O defeito do canal
atrioventricular comparece com 43%; a comunicação interventricular, com 32%, 10% tem comunicação interatrial
tipo fossa oval, 6% com tetralogia de Fallot, 5% com persistência do canal arterial, cabendo 4% a outros tipos de
malformações menos frequentes (Marino, 1992). Há uma forte associação entre defeito septal ventricular e
trissomia do 21, o que não é observado nas outras anormalidades cromossômicas. Este fato leva à especulação de
que alguma importante função, no crescimento ou na aderência do coxim endocárdio, é determinada pelos genes
do cromossomo 21 (Marino, 1992, Silva, 1990).
· Sistema Osteoarticular - Os ângulos acetabular e ilíaco apresentam-se diminuídos ao exame radiológico em
pacientes portadores de Síndrome de Down. Displasia acetabular é encontrada em 60% a 70% dos casos;
instabilidade rótulo-femural em 12% dos casos, dos quais cerca de 50% têm manifestações de deslocamentos
gerando quadros de luxações que têm indicação cirúrgica. Em uma amostra de 16 pacientes a correção clínica com
adequada evolução ambulatoria; ocorreu em 86% dos casos (Mandez, 1988). Em 1963, Spitzer e colaboradores
relataram o deslocamento anterior da 1a vértebra cervical (atlas) sobre a 2a (áxis) em portadores de aberrações
cromossômicas do 21 (Spitzer apud Mustacchi e Rozzone, 1990).
· Sistema Endócrino-Metabólico - No sistema endócrino a tireóide é o orgão que vem sendo alvo de melhores
estudos. Willians em 1971 discutia provável etiologia auto-imune com encontro de anticorpos específicos
tireoidianos nos portadores de Síndrome de Down e em suas mães (Willians apud Mustacchi e Rozone, 1990 e
Nalin, 1975). Leujene (1988) propõe a correlação do metabolismo dos monocarbonos ao comprometimento mental
e fenômenos vinculados a hipotireoidismo em Síndrome de Down, além de definir alterações de sensibilidade
deste mesmo grupo ao metotrexate e à atropina. (Wark, 1983, Peeters et. al.,1987, Garré et. al.,1987). A alteração
da função tireoidiana poderia estar vinculada ao desenvolvimento anômalo da glândula, resultando em infiltrado
linfocitário, inflamatório, quadro sugestivo de atividade de desordem auto-imune correlacionado com deficiência
do sistema dos linfócitos T (McCullon, Murdoch, e Jarilla, apud Mustacchi e Rozone, 1990). Em 40 casos de
crianças entre 2 meses e 14 anos avaliados endocrinológicamente, 25 apresentaram quadro laboratorial compatível
com hipotireoidismo (62,5%) (Mustacchi et. al., 1989); enquanto Friedman e colaboradores evidenciam a
frequência de disfunções tireoidianas entre 2% a 63% nos indivíduos portadores de Síndrome de Down (Friedman
apud Pueschel e Bier, 1992). Por existir evidências de que o timo em Síndrome de Down tem uma involução
vinculada ao zinco Napolitano tentou correlacionar o hipotireoidismo à deficiência de zinco que foi encontrada na
população com Síndrome de Down por Milunsky, Hackley e Astet (Napolitano apud Pueschel e Bier, 1992) e esta
hipótese pode ter um embasamento devido à normalização do eixo hipofisário-tireoidiano se restabelecer com
complementação de zinco nesta população de Síndrome de Down com hipotireoidismo. Outras manifestações
endocrinológicas estão vinculadas a manifestações do comprometimento da glândula pituitária apresentando
alteração da secreção do hormônio de crescimento, deficiência adrenal em cerca de 50%, alterações vinculadas aos
hormônios gonadais em 27% com criptorquidia e por apresentarem um eixo pituitário-gonadal aparentemente
normal, muito provavelmente devem ter suas funções gonadais preservadas. As mulheres apresentam ciclo
menstrual regular, variando entre 22 e 33 dias com período menstrual por volta de 4 dias, havendo várias
referências de fertilidade (Pueschel e Bier, 1992). As evidências e manifestações de "diabetes mellitus"tipo 1,
doença de Graves, doença celíaca, falência adrenal, hipoparatireoidismo, hepatite crônica ativa, tireioidite de
Hashimoto, tireoidite linfocítica crônica, älopecia areata"e vitiligo convergem na fundamentação do componente
auto-imune significativo na relação do gene HLA e de Síndrome de Down, gene esse que está localizado no braço
curto do cromossomo 6 (Mustacchi e Rozone, 1990). Hábitos nutricionais definidos por erros dietéticos são o
principal fator do desnvolvimento da obesidade nesta população (Chad et. al., 1990). A concentração do coleterol
foi significantemente baixa e a da Beta-lipoproteína sifnificantemente alta na população com Síndrome de Down,
achado este associado a alto risco de arteriosclerose prematura, que estranhamente não são evidenciados em
Síndrome de Down (Dorner et. al., 1984). Provavelmente a falta deste comprometimento possa ser explicado a
estes pacientes faleceremm antes de que se possa detectar a arteriosclerose. Zamorano et. al. (1991) descrevem
"locus"na região 21q11 - qter que codifica informação para receptores de lipoproteínas de baixa densidade
provavelmente atuando como controlador do metabolismo lipídico. Estudos "pós-mortem" enfatizam a ausência
de ateromas e menor incidência de arteriosclerose em pacientes com Síndrome de Down em relação a população
normal (Pueschel e Bier, 1992). O encontro de baixa concentração de selênio em pacientes portadores de
Síndrome de Down (Neve et. al., 1983) foi descrito como relacionado a alterações da atividade glutationeperoxidase
eritrocitária podendo existir um vínculo com as propriedades nutricionais e antioxidantes
eventualmente relacionados ao envelhecimento prematuro e quadros específicos de demência, motivo pelo qual
Annerén (1989) sugere suplementação de selênio nesses indivíduos. Além disso, Storm (1990) descreve
hipercarotenemia, correlacionada com proteção à agressão oxidativa as células em Síndrome de Down. Os
indivíduos portadores de Síndrome de Down habitualmente já apresentam uma deficiência ponderoestatural prénatal
uqe continua até por volta dos 5 anos (Cronk, 1978), permanecendo no 2o DP com relação aos nãoportadores
de Síndrome de Down. Por apresentarem a massa corporal pequena e crescimento menos do que as
crianças "normais", os pacientes de Síndrome de Down requerem menos calorias e nutrientes para o seu
metabolismo energético, ocorrendo obesidade em adolescentes quando consomem similar quantidade energética
que uma criança "normal" na mesma faixa etária (Held e Mahan, 1978). A velocidade de ganho ponderal é
deficiente entre 6o e 18o mês de idade, resutando em desníveis de 22% da expectativa da população "normal". O
ganho estatural é melhorado após correção cirúrgica da eventual cardiopatia, e com adequada orientação e nutrição
(Hamill et. al., 1979).
· Sistema Hematológico - Os portadores de Síndrome de Down podem apresentar qualquer tipo de
comprometimento dos componentes hematopoiéticos, no entanto, quatro são as anormalidades mais específicas
deste grupo. A primeira delas é a mielo-displasia transitória na infância (Weinberg e Weinstein apud Lubin, 1992).
A segunda é a macrocitose e eritrocítica (Akin apud Lubin, 1992 e Easthman e Jancar apud Lubin, 1992). A
terceira é o aumento da suscetibilidade à leucemia (Kalwinsky et. al., Mitelman et. al.; Robinson et. al. Apud
Lubin, 1992). A quarta é o aumento da suscetibilidade à leucemia megacariocítica aguda (Suda e Zipuskky apud
Lubin, 1992). A policitemia ocorre com relativa frequência principalmente pela cardiopatia ou por problemas
respiratórios acarretando hipoxemia quando o estímulo da eritropoiese é estabelecido (Miller et. al., 1983). É
comum o encontro de macrocitose que acontece em cerca de 65% dos portadores de Síndrome de Down, quando
deve ser feito o diagnóstico diferencial com: doença hepática crônica, hipotireoidismo, deficiência de ácido fólico,
deficiência de vitamina B12, anemias hemolíticas, displasias medulares, toxidade por anticonvulsivantes e
hiperhidratação celular (Roizen e Amarose, Wachtel e Pueschel apud Lubin, 1992). Podem ocorrer transformações
malignas em células progenitoras plaquetárias (megacariocíticas) sendo que a trombocitopenia pode ser
encontrada nos recém-nascidos com Síndrome de Down devendo ser diferenciada da mesma situação em CPCg ou
coagulação intravascular disseminada, e necessariamente excluída a possibilidade de mielo displasia ou leucemia
congênita. (Pochedly e Ente apud Lubin, 1992). A situação oposta, definida como trombocitose, é frequentemente
associada à uma desordem transitória mieloproliferativa (Miller apud Lubin, 1992). As anormalidades'dos
glanulócitos se caracterizam pela evidente suscetibilidade a agentes infecciosos virais e bacterianos que decrescem
com a idade e aparentemente está envolvida com efeitos de fagocitose e atividade bactericida (melmann apud
Lubin, 1992). Umas das principais enzimas conversoras intraeritrocitária é a SOD1, que tem sua concentração
intra-eritrocitária aumentada em 50% em portadores de Síndrome de Down em relação aos eritrócitos de
indivíduos normais (Crosti et. al. Apud Lubin, 1992, McCord e Fridovich 1969, e Pantelakis et. al., 1970). O
excesso da atividade SOD1 tem sido implicado como um dos principais fatores da alteração bactericida dos
granulócitos em Síndrome de Down (Annerén e Bjorksten apud Lubin, 1992). A SOD1 é uma enzima que tem um
importante papel na resposta da ingestão bacteriana pelos granulócitos. Seria de se esperar que o excesso de
produção da SOD1 fosse beneficiente, no entanto, o excesso da atividade da superoxidodesmutase decresce a
concentração intracelular do ânion superóxido e esse desequilíbrio pode influir com fatores de defesa intracelular à
determinados patógenos (Scott et. al. Apud Lubin, 1992). Estudos avaliando a função granulicítica em pessoas
com Síndrome de Down revelaram algumas similaridades com a função granulocíticas de Doença Granulomatosa
Crônica (CUrnute et. al. Apud Lubin, 1992). Incluindo baixos níveis de ânion superóxido comprometendo a
ingestão bacteriana. Desta forma pode ser desenvolvido maior potencial de infecções por "Staphylococcus
aureaus"e "Candida albicans". Assim como a SOD1, a atividade da glutationa prroxidase também está
significantemente elevada nesta população, bem como nos pacientes com doença de Alzheimer (Annerén et. al.,
1986). Como ambas as enzimas eritrocitárias estão intimamente envolvidas com radicais superóxidos e peróxidos
de hidrogênio, sua alteração pode gerar danos e envelhecimento celular além de doenças degenerativas (Warner,
1994, Wisniewski et. al., 1985). Estas alterações são relacionadas a significativa elevação dos processos de
consumo de oxigênio vinculados a Síndrome de Down e doença de Alzheimer (DA) (Percy et al., 1990); além da
elevação da peroxidação lipídica descrita em cérebros de fetos portadores de trissomia do cromossomo 21 (similar
ao caracterizado no modelo animal de camundongo com trissomia do 16) (Annerén et. al., 1987).
· Sistema Neurológico - Apesar de se saber que o peso da massa encefálica de protadores de Síndrome de Down ao
nascimento `t praticamente normal, durante a infância ele somente atinge 3/4 do seu peso esperado (Schapiro et.
al., 1989), indicando plasticidade ou velocidade de maturação neuronal reduzida e limitadas. É observada também
uma configuração caracterizada por lobos frontais pequenos, lobos occipitais encurtados, redução secundária dos
sulcos e cerebelo pequeno (Benda, 1971 e Crome, 1966 apud Florez, 1992). Tanto o desnvolvimento neuronal
como o dos dentritos chegam a atingir uma importante redução quanto ao número e quanto ao volume, o que
aparentemente sugere uma parada da plasticidade deste sistema com degeneração e progressiva formação de
placas senis. O principal componente destas placas protéicas é um aminoácido peptídeo amiloidogênico Beta/A4.
Este elemento é derivado da proteína precursora beta amilóide (APP) encontrada na Doença de Alzheimer (Neve
et al., 1990); porém com a atividade normal dos marcadores enzimáticos colinérgicos, acetilcolinatransferase e
acetilcolinesterase, que são neuro-transmissores sinápticos (Pearlson et. al., 1990). Com o progredir da idade
ocorrem alterações específicas com decréscimo dos marcadores colinérgicos e nor-adrenérgicos que são vistos
tanto em Síndrome de Down como na doença de Alzheimer (Yates et. al., 1983, Sacks et. al., 1989). Uma vez que
os neurônios colinérgicos da parte anterior da base do cérebro parecem estar ligados ao aprendizado e memória,
sua degeneração pode ter um papel na perda da memória da doença de Alzheimer, esta última ocorrendo de 15% a
51% da população com Síndrome de Down (Franceschi, 1990); também encontrada no modelo animal da
trissomia do cromossomo 21 humano que é expresso pela trissomia do cromossomo 16 do camundongo MMU16
(Holtzman et. al., 1991). A patogênese do comprometimento intelectual na Síndrome de Down foi relacionada
com o metabolismo de monocarbonos, efeitos bioquímicos da hiperdosagem da SOD1, da CBS, S100
betaproteina, fosfofrutokinase (PFKL), disfunções tireoidianas com elevação de TSH e redução de rT3 (T3
reverso), e síntese de purinas, no sistema nervoso central (Lejeune, 1991). Cerca de 8,1% dos portadores de
Síndrome de Down apresentam distúrbios convulsivos, dos quais 41% se manifestam antes do 1o ano de idade
com quadros de espasmos infantis tônico-clônicos além de mioclônicos (Pueschel et. al., 1991). Tangye e outros
(1979) observaram eletroencefalograma (EEG) normal em Síndrome de Down, mesmo na população com
manifestações epléticas (nestes últimos 72% apresentavam anormalidade de EEG com expressões de distúrbios
corticais difusas). Aparentemente os quadros epiléticos são mais comuns nos portadores de Síndrome de down
com CPCg.
· Sistema Otorrinolaringológico - As obstruções de vias aéreas superiores são progressivamente reconhecidas nas
crianças portadoras de Síndrome de Down, e isto ocorre devido às principais bases anatomofisiológicas dos
desvios fenotípicos do trato respiratório alto e baixo. A predisposição à hipoventilação está necessariamente
vinculada à hipotonia e relacionada com, por exemplo, rinorréias crônicas (de carácter infeccioso ou alérgico) e
desenvolvimento anômalo do maciço crânio-facial, acarretando obstruções do oronasofaringe (Rey e Birman,
1990). Cerca de 50% dos portadores de Síndrome de Down apresentam este tipo de obstrução de vias aéreas
superiores. Em 90% dos deles, esta se associa à hipoxemia gerando desconfortoe incordenação dos movimentos
respiratórios, podendo ocorrer completa obstrução alta, requerendo então intervenções (Southall, 1987). Várias
podem ser as causas vinculadas às síndromes hipóxicas nos portadores de Síndrome de Down. Além das CPCg,
que podem ser severas, temos a desproporção do rinofaringe aliada à frequente hipertrofia do sistema linfóide,
mais o aumento das adenóides e das amígdalas como causa de situações produtoras de distúrbios e apnéias do
sono (Philips et. al., 1988, Wajnsztejn et. al., 1993). A deficiência auditiva tem sido negligenciada pelos clínicos,
principalmente em se tratando deste comprometimento na população de lactentes, com diagnóstico assessório de
deficiências com comprometimento intelectual por fatores genéticos tais como Síndrome de Down (Balkany,
1979). As otites médias recidivantes são sem dúvida nenhuma a maior causa da hipoacusia, evidentemente
associada à maior frequência de anormalidades anatomofisiológicas dos orgãos do sistema otorrinolaringológico
encontrados na Síndrome de Down. Estas anomalias compreeendem pavilhão auricular e conduto auditivo externo
menores do que o normal, malformação dos ossículos do ouvido médio, encurtamento das espirais cocleares,
desordens vestibulares, diferenças nos receptores neurosensoriais otológicos evidenciadas após estimulações do
VIII par craniano por reduzida e incompleta mielinização dessas estruturas (Folsom, 1983, Widen, 1987).
Pacientes portadores de Síndrome de Down apresentam alterações a nível sensorial auditivo, quando investigados
audiológicamente através de "Audiometria de respostas elétricas evocadas de Tronco Cerebral"(B.E.R.A.,
"brainstem evocked response audiometry"). O "Bera"consiste na pesquisa dos potenciais auditivos evocados nos
diversos da via auditiva ao longo do Tronco Cerebral. São estes potenciais que, evidenciados em ondas
registradas, apresentam latências aumentadas em Síndrome de Down. Consequentemente pela perda
neurosensorial, ocorre potencialmente uma dificuldade de linguagem, que obviamente já sofre limites pelas
alterações dismorfogenéticas do maciço facial da Síndrome de down, e especialmente pelo intrínseco
comprometimento intelectual próprio da Síndrome
· Sistema Gastrointestinal - As anomalias do trato digestivo da Síndrome de Down têm uma ocorrência importante.
Cerca de 3% a 7,5% apresentam atresia duodenal que em 65% dos casos se associa à obstrução jejunal ou ileal,
podendo ocorrer também atresias digestivas altas com ou sem fístulas tranqueoesofagianas, Doença de Hirshprung
(aganglionose em 2% de Síndrome de Down), ânus imperfurado, estenose de piloro, pâncreas anular, diafragma
intraduodenal, vícios de rotação e colecistolitíase (Mustacchi e Rozone, 1990). Quanto ao tratamento, deve ser
inciado a partir da primeira suspeita diagnóstica, e é claro que esteja reservado esse tratamento ao Fonoaudiólogo
e ao Fisioterapeuta, que deverão incentivar prematuramente a amamentação ao seio materno, desde que não haja
contra indicação anatomofisiológica e ou clínica. O estímulo da amamentação fará eclodir os primeiros sinais da
aceitação do bebê como membro de sua nova família, e oprotunizará o contato precoce, portanto prematuro, de sua
mãe com a realidade versus os estigmas e os preconceitos sócio-culturais perante a Síndrome de Down. A mãe
reconhecerá em seu bebê inicialmente, um ser humano, uma criança como qualquer outra, que necessitará de
alguns cuidados diferenciados para sua melhor qualidade de vida. O trabalho fonoaudiólogico deve ser intensivado
com o objetivo de tentar reduzir incoordenações do sistema fonodeglutatório, visto que os portadores de Síndrome
de Down tem um alinhamento nivelado entre a base do crânio e o céu da boca (palato), o que favorece o ato de
inspirar, pode ocorrer concomitantemente à deglutição, havendo maiores riscos de síndromes aspirativos.
· Grande e maior marco do atraso de desenvolvimento na Síndrome de Down é caracterizado pela sua linguagem
tardia, ocorrendo entre 2 e 7 anos de idade; acredita-se que este seja o ponto crucial da angústia familiar após ter
percebido e se convencido de que os bebês com Síndrome de Down são capazes de andar, correr, brincar e "falar".
DISTÚRBIOS DOS AUTOSSOMOS - Trissomia do 18
A maioria dos pacientes apresentam com a trissomia do cromossomo 18 apresenta trissomia regular sem mosaicismo, isto é
, cariótipo 47, XX ou XY, +18. Entre os restantes, cerca de metade é constituída por casos de mosaicismo e outro tanto por
situações mais complexas, como aneuploidias duplas, translocações.
As manifestações da trissomia do 18 sempre incluem retardamento mental e atraso do crescimento e, às vezes
malformações graves no coração. O crânio é excessivamente alongado na região occipital. O pavilhão das orelhas é
dismórfico, com poucos sulcos. A boca é pequena. O pescoço é curto. Há uma grande distância intermamilar. Os genitais
externos são anômalos. O dedo indicador é maior do que os outros e flexionado sobre o dedo médio. Os pés têm as plantas
arqueadas. As unhas costumam ser hipoplásticas.
DISTÚRBIOS DOS AUTOSSOMOS - Trissomia do 13
A trissomia do 13 é clinicamente grave e letal em quase todos os casos que sobrevivem até 6 meses de idade. O
cromossomo extra provém de não-disjunção da meiose I materna e cerca de 20% dos casos resultam de uma translocação
não-balanceada.
O fenótipo inclui malformações graves do sistema nervoso central como arrinencefalia. Um retardamento mental acentuado
está presente. Em geral há defeitos cardíacos congênitos e defeitos urigenitais. Com frequência encontram-se fendas labial
e palatina, anormalidades oculares, polidactilia, punhos cerrados e as plantas arqueadas.
DISTÚRBIOS DOS AUTOSSOMOS - Síndrome do Miado do Gato (5p-)
Há uma deleção do braço curto do cromossomo 5. Tal síndrome recebeu esse nome em virtude do choro típico dos
pacientes afetados, o qual lembra o miado de gatos. Outras características são hipotonia muscular, microcefalia, pavilhão
das orelhas dismórficos, pregas epicântricas, malformações dos membros.
DISTÚRBIOS DOS CROMOSSOMOS SEXUAIS - Síndrome de Klinefelter (47, XXY)
A Síndrome caracteriza-se pela presença do cariótipo 47, XXY ou em mosaicos.
Os pacientes são altos e magros, com membros inferiores relativamente longos. Após a puberdade os sinais de
hipogonadismo se tornam óbvios. Os testículos permanecem pequenos e os caracteres sexuais secundários continuam
subdesenvolvidos.
DISTÚRBIOS DOS CROMOSSOMOS SEXUAIS - Síndrome 47, XYY
É um dos cariótipos mais frequentemente observados. Despertou grande interesse após observar-se que a proporção era
bem maior entre os detentos de uma prisão de segurança máxima, sobretudo entre os mais altos, do que na população em
geral.
DISTÚRBIOS DOS CROMOSSOMOS SEXUAIS - Trissomia do X (47, XXX)
As mulheres com trissomia do X não são fenotipicamente anormais. Nas células 47, XXX, dois dos cromossomos X são
inativados e de replicação tardia. Quase todos os casos resultam de erros na meiose materna.
Algumas mulheres com trissomia do X são identificadas em clínicas de infertilidade e outras em instiuições para retardados
mentais, mas provavelmente muitas permanecem sem diagnóstico.
DISTÚRBIOS DOS CROMOSSOMOS SEXUAIS - Síndrome deTurner (45, X e variantes)
As meninas com esta Síndrome são identificadas ao nascimento ou antes da puberdade por suas características fenotípicas
distintivas.
A constituição cromossômica mais frequente é 45,X sem um segundo cromossomo sexual, X ou Y.
As anormalidades envolvem baixa estatura, disgenesia gonadal, pescoço alado, tórax largo com mamilos amplamente
espaçados e uma frequência elevada de anomalias renais e cardiovasculares.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
Texto gentilmente cedido por Reonildo Diaz Junior (reonildo@sti.com.br)
www.sti.